A Terça Ecológica de Julho do Núcleo de Ecojornalistas do RS vai abordar a Sustentabilidade socioambiental: a questão indígena no RS e no Brasil, às 19h, no Instituto Goethe. Neste mês, o evento acontece na segunda semana, no dia 13 de julho. A palestrante é a Coordenadora Regional do Instituto de Estudos Culturais e Ambientais, IECAM, Denise Wolf, que estará acompanhada de um membro da comunidade Mbyá-Guarani no debate.
Conforme Denise, “é preciso entender que as tradições e rituais dos povos indígenas estão diretamente relacionados aos ciclos ecológicos que determinam os ciclos produtivos. A dimensão social (e solidária) das economias indígenas considera as necessidades biológicas e materiais como bens não apenas de consumo, mas como necessidades espirituais e morais. Toda atividade econômica tem como função final garantir o bem-estar da coletividade. A abundância é sempre festejada, pois consideram que a abundância permite viver com intensidade a generosidade, a partilha, a solidariedade, a hospitalidade, o espírito comunitário e a reciprocidade”.
O cidadão urbano tem muito a aprender com os povos originários a partir do exposto acima. A bióloga vai abordar também as dificuldades enfrentadas pelos indígenas no Estado e no País. Atualmente, os Guarani vivem em aldeias e acampamentos próximos às rodovias, visitando parentes, vendendo o artesanato que produzem e/ou buscando trabalhos sazonais. “A falta de terras adequadas e a saúde, sobretudo a desnutrição infantil, constituem seus maiores problemas. Segundo dados da FUNASA (Agosto, 2006), 100 a 190 mil índios vivem fora de terras indígenas. No Brasil, o número de portadores de doenças é de 60,7 para cada grupo de 1.000 habitantes, já considerado intolerável pela Organização Mundial de Saúde. Porém, entre a população indígena esse número sobe para 112,7,” citou.
População indígena e sustentabilidade
De acordo com o divulgado, no Brasil existiam mais de cinco milhões de índios em 1500, falando mais de mil línguas. Hoje, são aproximadamente 375.000 índios, divididos em 222 etnias, se expressando em 180 línguas (SIASI/FUNASA, 2002). Segundo dados divergentes do IBGE (2001), vivem no Brasil aproximadamente 700.000 índios, falando 241 línguas.
No Rio Grande do Sul, estão presentes três etnias: os Guarani (Mbyá e Ñandeva), os Kaingang e os Charrua. Estima-se uma população no Brasil cerca de 65 mil Guarani, 33 mil Kaingang (FUNASA, 2005) e 676 Charrua (INAI, 2004).
Denise lembra que não há demarcação de terras indígenas no Rio Grande do Sul há 30 anos. Mas destaca que, em 2008, com ampla participação de indígenas e aliados, foram formados cinco Grupos Técnicos, GT’s, com a função de demarcar mais de 20 áreas indígenas no Estado. Um dos GTs está em fase final de elaboração dos laudos antropológico e ambiental, e um segundo GT está iniciando os estudos.
A bióloga destaca também a importância do Projeto de Lei que tramita na Câmara Municipal de Porto Alegre (4079/2007), que atende expectativas e reivindicações de diversos agentes na área ambiental, como a instituição do Sistema Municipal de Unidades de Conservação da Natureza de Porto Alegre (SMUC). “Sem dúvida, é fundamental garantirmos a proteção da biodiversidade em áreas mais extensas e em risco de ocupação e especulação cada vez maior. Mas é também possível planejar e garantir, nessas mesmas áreas de conservação, a exemplo do SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação, o manejo sustentável realizado há décadas por comunidades indígenas que não impactam o ambiente de forma negativa, como o fazem os guarani residentes na aldeia da Lomba do Pinheiro, quando coletam ou caçam no Morro São Pedro, com profundo respeito à natureza,” concluiu.
Serviço:
O que: Terça Ecológica do NEJ-RS
Tema: Sustentabilidade Ambiental: a questão indígena no RS e no Brasil
Palestrante: Denise Wolf do IECAM
Quando: 13 de Julho
Onde: Instituto Goethe em Porto Alegre
(EcoAgência, 07/07/2010)