O Brasil quer garantir sustentabilidade ambiental, social e econômica para a Copa de 2014. A chamada "Copa Verde" foi debatida em audiência pública da Comissão de Turismo e Desporto, nesta quarta-feira.
Desde a Copa de 2006, na Alemanha, a Federação Internacional das Associações de Futebol (Fifa) obriga o país-sede a adotar medidas ambientalmente sustentáveis que privilegiem, por exemplo, a mobilidade urbana e a redução do consumo de água e energia.
O diretor do Departamento de Articulação e de Ações na Amazônia da Secretaria Executiva do Ministério do Meio Ambiente, Roberto Suarez, disse que o governo brasileiro já iniciou uma agenda integrada de ações, que também contemplam a cúpula ambiental Rio + 20, prevista para 2012, a Copa das Confederações, em 2013, e as Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016.
Suarez destacou algumas dessas ações: certificação de estádios para que tenham aproveitamento de água da chuva; aproveitamento ao máximo da energia solar e da ventilação natural; acessibilidade para pessoas portadoras de qualquer necessidade especial; cidades sustentáveis; mobilidade urbana; e a questão da produção, compras e consumo sustentáveis.
“Também está em discussão a questão da Copa Orgânica, que envolve da agricultura familiar aos produtores orgânicos e também os grandes empresários”, acrescenta. “Nós queremos chegar ao nível de 30% de consumo de produtos orgânicos. E isso é para o País, não é só para a Copa. Isso é para ficar."
Obras prioritárias
Em relação à agenda de ações citada por Roberto Suarez, destacam-se as reuniões para o detalhamento da Copa Orgânica (em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Agrário) e para tratar da recepção aos turistas nos parques nacionais.
Também já foram realizadas oficinas para discutir o licenciamento ambiental de obras prioritárias. Segundo Suarez, as temáticas contempladas nas ações do MMA também dizem respeito a: energias sustentáveis, mudança climática, patrimônio natural e cultural e turismo ecológico.
As ações, coordenadas pelos ministérios do Esporte e do Meio Ambiente, também privilegiam escolhas sustentáveis na construção ou reforma de estádios nas 12 cidades-sedes da Copa de 2014.
Resíduos sólidos
De acordo com a Associação Ambiental Governos Locais pela Sustentabilidade (ICLEI), os entulhos de obra normalmente representam de 50% a 70% do total de resíduos sólidos produzidos nas grandes cidades. Com a Copa, esse percentual tende a aumentar significativamente. A representante da Associação, Paula Freitas, sugeriu, por exemplo, a reutilização ou reciclagem do ferro, madeira, plástico e papel encontrados nesses entulhos.
Para a ONG SOS Mata Atlântica, o Brasil também deve aproveitar a Copa para investir em turismo ecológico. No entanto, o diretor da ONG, Mário Mantovani, pediu transparência e responsabilidade das autoridades nos processos de licenciamento ambiental dos vários empreendimentos previstos.
Segundo ele, é preciso atuar de uma maneira lógica, executando as ações com as responsabilidades compartilhadas. “Porque daí não vai acontecer de chegar, dois anos antes da Copa, e dizer: 'Não sai a licença ambiental. Não fazem o processo bem feito, com transparência, as licitações são viciadas, há corrupção e, depois, o meio ambiente leva a culpa. É a questão da transparência e da participação."
A presidente da comissão, deputada Raquel Teixeira (PSDB-GO), elogiou as iniciativas da Copa Verde, mas alertou quanto ao atraso, sobretudo em relação às obras de infraestrutura e de mobilidade urbana. Todos os especialistas destacaram que o conceito de sustentabilidade deve estar presente em cada obra, desde o projeto básico.
(Agência Câmara, 07/07/2010)