A vida e a cultura de povos indígenas colombianos correm risco de extinção. Para pedir uma resolução urgente a favor da sobrevivência e a proteção das comunidades indígenas na Colômbia, o Fórum Permanente para as Questões Indígenas da Organização das Nações Unidas (ONU) faz, nesta semana, uma visita ao país sul-americano.
A Missão, que está no país desde o último domingo (4) e permanecerá até o próximo sábado (10), tem o objetivo posicionar o Fórum Permanente na questão dos povos indígenas em risco de extinção por causa do conflito armado, do desenvolvimento econômico, da pobreza e do abandono institucional. A expectativa é que a Missão, durante esses dias, faça reuniões com indígenas das comunidades: Chimilas, Yukpas, Kankuamos, Wiwas, Kogüis, Wayuu, Aruakos, Mocaná, Zenú e Embera del alto Sinú.
De acordo com comunicado da Coordenadora Andina de Organizações Indígenas (CAOI), a ideia é que a Missão realize ainda encontros com lideranças indígenas, representantes locais, autoridades departamentais, municipais e do Estado para discutir e buscar uma saída negociada ao conflito armado.
Não é por acaso que a Missão visita a Colômbia. Segundo a campanha internacional "Palavra Doce, Ar de Vida", promovida pela Organização Nacional Indígena da Colômbia (Onic), mais de 30 comunidades indígenas colombianas correm risco de extinção física e cultural por conta de projetos extrativos e dos conflitos armados internos.
Deslocamentos, desaparecimentos, torturas e assassinatos são apenas algumas situações vividas pelos indígenas na Colômbia. Violações também destacadas pela Anistia Internacional, organização que afirmou que, no ano de 2009, houve um aumento no número de ataques contra os povos indígenas no país.
Para Anistia, os grupos guerrilheiros, as forças de segurança e os grupos paramilitares são os principais responsáveis pelas violações aos indígenas. Em sua denúncia realizada através de relatório divulgado no início deste ano, a organização informa que, conforme a Onic, somente no ano passado, pelo menos 114 indígenas - inclusive mulheres e crianças - foram vítimas de homicídios e milhares foram forçados a se deslocar.
Na ocasião, a organização ainda comentou que as autoridades, geralmente, não investigam os crimes cometidos contra os indígenas, os quais se veem obrigados de sair de suas terras por serem locais ricos em biodiversidade ou de intenso conflito armado.
O Governo colombiano, por sua vez, declarou que o relatório da organização parte de uma concepção equivocada da "existência de um conflito armado interno e de paramilitares, sendo muito tímida diante do fato de que os povos indígenas têm sido despojados e assassinados pelas Farc [Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia] e quadrilhas criminosas emergentes".
(Por Karol Assunção, Adital, 06/07/2010)