O Sindicato dos Trabalhadores Químicos do Estado (Sinticel) recebeu, via correio, a cópia de um e-mail enviado pelo presidente aos demais membros da diretoria da Aracruz, atual Fibria, sobre o tratamento que deve ser dispensado ao quadro próprio de funcionários. A correspondência foi enviada para a diretoria em 29 de julho do ano passado e recebida em envelope lacrado pelo Sinticel em 6 de outubro do mesmo ano.
A carta foi mantida em sigilo para que a entidade tivesse certeza da confirmação dos atos do presidente Carlos Augusto Lira de Aguiar, que acabaram se concretizando ao longo do ano.
No documento, o presidente da empresa salientou ser necessário pensar em novas formas de reduzir o quadro próprio, já que o pessoal primário exige benefícios maiores que os terceirizados, ocupam lugares em ônibus da empresa, nos restaurantes e nos checkups.
De fato, os trabalhadores da atual Fibria tiveram perdas históricas na transição do ano de 2009 para 2010. Os empregados perderam o fundo de pensão, chamado de Arus, plano de saúde e seguro de vida integrais, as gratificações por tempo de serviço, o abono de férias de 40% e a aposentadoria vitalícia.
Neste ano, os trabalhadores da ex-Aracruz estão ameaçados de perder a Participação dos Lucros e Resultados (PLR), que será substituída pelo Programa de Participação nos Resultados (PPR). A empresa não negocia a mudança na modalidade, alegando que não tem margem para ampliar ou mudar a metodologia da PLR, no entanto uma noticia do jornal “O Estado de S. Paulo”, veiculada em 15 de junho deste ano, atesta que a atual Fibria está livre de dividas com derivativos e deve voltar a investir.
Para completar as previsões do e-mail enviado ao Sinticel, a empresa demitiu 150 funcionários primários, apesar de ter recebido cerca de R$ 6 bilhões do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), dado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), sem contar a retirada dos direitos de outros em Acordo Coletivo unilateral.
(Por Lívia Francez, Século Diário, 06/07/2010)