A Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica (Eletrobras CGTEE) espera ficar isenta das penalidades que poderiam ser impostas à empresa pelo atraso da operação da termelétrica Candiota 3. Pelo contrato original, a usina, também conhecida como Fase C, deveria fornecer energia a partir de janeiro de 2010, porém a inauguração do complexo está prevista para 20 de setembro deste ano.
O presidente da CGTEE, Sereno Chaise, relata que o projeto atrasou por uma série de fatores como a demora da concessão, chuvas em excesso e greve dos funcionários que trabalhavam nas obras. A companhia, devido a esse cenário, solicitou a prorrogação do prazo de operação e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) concedeu 144 dias. A empresa confia que esse limite seja alongado para dez meses, o que impedirá a cobrança de multa. Desde janeiro a estatal gaúcha tem comprado energia no mercado para fornecer ao sistema elétrico nacional a cota que deveria ser de responsabilidade de Candiota 3.
Neste mês de julho, a Fase C completa 92% das obras. A estrutura absorverá um investimento de cerca de R$ 1,3 bilhão e terá uma capacidade de geração de 350 MW (o que corresponde a quase 10% da demanda de energia do Rio Grande do Sul).
Chaise ressalta que, atualmente, a CGTEE adquire da Companhia Riograndense de Mineração (CRM) 133 mil toneladas de carvão ao mês e, com a atividade da nova usina, esse patamar saltará para 320 mil toneladas mensais. Para a solenidade de inauguração será convidado o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que também poderá aproveitar a data para inaugurar o túnel da rodovia BR-101, que está sendo construído no Litoral Norte.
Chaise enfatiza que a Fase C contribuirá para a melhora dos resultados financeiros da CGTEE. O dirigente lembra que a empresa fechou 2008 com um prejuízo de cerca de R$ 290 milhões e no ano passado o revés foi de R$ 98 milhões. Esse desempenho negativo, em parte, é explicado pelas dificuldades de geração apresentadas pelas antigas usinas da CGTEE. Para 2010, a perspectiva da estatal é de "empatar" o resultado. Chaise explica que essa tendência deve-se aos efeitos esperados para os últimos meses do ano, com a operação da Fase C.
Companhia pretende reformar antigas unidades
Após a conclusão de Candiota 3, a CGTEE quer aprimorar ainda mais seu parque gerador de energia. A empresa já entregou para a sua controladora (Eletrobras) o pré-estudo para a realização de uma nova usina em Candiota, a Fase D. A meta é implementar mais duas máquinas, de 300 MW a 350 MW cada uma. Esse projeto para ser viabilizado precisará vender sua produção em algum dos leilões de energia que são promovidos pela União, nos quais saem vitoriosos os empreendimentos que oferecem a geração a menor custo.
O presidente da CGTEE, Sereno Chaise, almeja que a Fase D entre em uma disputa como essa em um prazo de cerca de dois anos. O dirigente tentará habilitar futuros projetos da empresa a algum tipo de incentivo, como Candiota 3, que conseguiu o benefício da Conta de Consumo de Combustíveis (CCC) - arrecadação do setor elétrico que é usada para cobrir os custos do uso de combustíveis fósseis.
Outro plano da estatal começa neste segundo semestre com as reformas das unidades antigas da CGTEE localizadas em Candiota. A iniciativa deve ser finalizada em abril do próximo ano e deve implicar melhoria da geração de energia.
O valor do contrato, com a empresa Alstom, é de R$ 106 milhões. As unidades operando em Candiota (Fase A e Fase B) têm capacidade para uma geração de até 446 MW. "Mas esse potencial hoje é apenas teórico, as máquinas envelheceram e não conseguem mais alcançar essa geração", explica Chaise.
As duas térmicas podem produzir hoje, conforme o dirigente, de 120 MW a 130 MW. A expectativa é de que a reforma possa fazer com que se alcance uma produção de aproximadamente 300 MW. Futuramente, o presidente da companhia não descarta a ideia de substituir a Fase A e a Fase B por novas unidades geradoras.
A CGTEE também pretende aumentar sua geração de energia no município de São Jerônimo. A companhia espera receber da Eletronorte (outra companhia pertencente ao grupo Eletrobras) duas máquinas, que somam uma potência de 50 MW, para instalar na cidade. Os custos dessa iniciativa ainda estão sendo discutidos com a Eletrobras. Os equipamentos devem chegar ao Rio Grande do Sul até o final de agosto.
(JC-RS, 06/07/2010)