Pesquisadores da UFRJ, da ONG Conservação Internacional e do Museu de Zoologia da USP conseguiram identificar 819 espécies de peixes raros de água doce no Brasil. Com base nestes novos dados, foi possível assinalar 540 áreas que precisam ser protegidas para garantir a conservação dos ecossistemas aquáticos do país.
Os ecossistemas aquáticos são lugares insubstituíveis, já que abrigam espécies de peixes que só ocorrem lá. Segundo o levantamento, apenas 26% das bacias hidrográficas consideradas áreas-chave para conservação estão razoavelmente protegidas. Cerca de 40% estão em estado crítico de conservação, e muitos dos danos são causados pelo impacto de hidrelétricas.
- Esse mapeamento representa um passo importante para que finalmente a sociedade brasileira passe a reconhecer que os nossos rios, além de serem fontes de água, alimento e energia, são também lugares onde uma importante parte da biodiversidade única do país está presente - afirma Naércio Menezes, da Universidade de São Paulo e coautor do estudo.
Cristiano Nogueira, outro autor do estudo, explica que sem estudos detalhados de mapeamento, ficava impossível saber que áreas com biodiversidade única estavam ameaçadas. O diretor-executivo da Conservação Internacional no Brasil, Fábio Scarano, alerta que se o atual ritmo da degradação destas áreas continuar, o Brasil deve perder uma grande parcela do seu patrimônio biológico em pouco tempo.
Degradação ambiental pode acabar com espécies de peixes de água doce. Foto: Pedro de Podestà
- Seria um desastre em grandes proporções para a principal potência biológica do planeta - afirma Scarano.
O estudo, publicado esta semana na revista científica eletrônica PLoS ONE, é resultado da análise de informações sobre a fauna dos peixes brasileiros coletadas ao longo de décadas. É o mais completo mapeamento de peixes raros de água doce já feito no país. Quem quiser saber mais sobre o tema pode acessar o site do projeto clicando aqui.
(O Globo, 05/07/2010)