Uma reunião cercada de expectativa deve ocorrer nas próximas horas, em Santa Cruz do Sul, entre integrantes das direções da Alliance One e do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria do Fumo e da Alimentação (Stifa). Os sindicalistas esperam descobrir quais os planos da fumageira para os funcionários, tendo em vista a desativação da unidade local. A empresa inaugura no início de 2011 uma nova fábrica em Araranguá (SC).
A mudança para Santa Catarina é uma forma de evitar o acúmulo de ICMS, que ocorre quanto o fumo processado naquele Estado entra no Rio Grande do Sul. Os planos da Alliance eram conhecidos, mas restava saber se a empresa iria desativar a unidade de Santa Cruz ou a de Venâncio Aires. Quarta-feira, a fumageira revelou que manterá a fábrica de Venâncio – mais eficiente – em operação.
Com relação ao destino dos funcionários de Santa Cruz, sabe-se que metade dos trabalhadores efetivos será reaproveitada em Araranguá. Também fala-se, nos bastidores, que safreiros teriam recebido propostas de aumento de 25% nos salários e de hospedagem e transporte por conta da empresa, também para trabalhar em Santa Catarina. No Estado vizinho ainda haveria pouca mão de obra qualificada para o tabaco.
Segundo o presidente do Stifa, Sérgio Pacheco, a Alliance tem, em Santa Cruz, quase 190 funcionários efetivos e contratava 1,4 mil temporários a cada safra. Ele espera receber informações sobre os planos da indústria em relação aos colaboradores na reunião de hoje. “Até agora, a empresa não repassou detalhe algum ao sindicato”, comenta.
Pacheco demonstra discordar das previsões apresentadas pela Prefeitura, que aposta na reinserção dos funcionários e safreiros em outras empresas do setor fumageiro ou em outros setores. O presidente da Stifa acredita que nem mesmo a Philip Morris e a JTI, cigarreiras que estão começando a comprar o fumo direto do produtor, farão grandes contratações. “As empresas desse ramo trabalham de forma enxuta. Não há motivos para chamar mais gente”, analisa.
Apesar dos gráficos indicarem aumento nas vagas de trabalho, Pacheco também vê com reservas a expectativa de recolocar os safreiros em outros mercados. “Quem está habituado a lidar com tabaco dificilmente se adaptaria com outro tipo de atividade.” Para o presidente do Stifa, um quadro preocupante pode estar se aproximando.
(Gazeta do Sul, 02/07/2010)