Ásia, África e América Latina precisam ficam atentas e começar a agir, a fim de impedir que suas populações sejam contaminadas diariamente por praguicidas. Com o intuito de chamar a atenção para a necessidade de ação imediata neste sentido, a Rede Internacional de Ação em Praguicidas (PAN Internacional, por sua sigla em inglês) produziu e divulgou, no último dia 24, um relatório com os resultados da utilização destes produtos na agricultura.
De acordo com o relatório, a utilização de substâncias químicas, em especial os pesticidas, continuam provocando severos efeitos negativos e inaceitáveis na saúde das comunidades, sobretudo, das rurais. Dados da Organização Mundial (OMS), contidos no relatório, afirmam que a intoxicação aguda por agrotóxicos provoca a morte não intencional de 20 mil pessoas a cada ano. No entanto, as estimativas variam entre um milhão e 41 milhões de pessoas afetadas todos os anos.
Por este motivo, "Comunidade em Perigo: Relatório global sobre os impactos à saúde derivados do uso de praguicidas na agricultura" chama os governos, transnacionais e organismos internacionais a atuarem imediatamente e de forma enérgica para enfrentar todos os perigos que os praguicidas causam, sobretudo, quando são manipulados de forma incorreta.
Após entrevista com mais de dois mil homens e mulheres de treze países da África, Ásia e América Latina, constatou-se "um amplo e estendido dano à saúde derivado por diversos praguicidas em diferentes cultivos". Os sintomas mais comuns, gerados pela exposição a estes produtos, informados durante as entrevistas foram dores de cabeça, náuseas, tontura, tremedeiras, arritmia cardíaca e convulsões.
São contaminados pelos pesticidas todos aqueles que têm algum tipo de contato, moram ou estudam próximo a áreas onde se utiliza o produto. No entanto, o relatório da PAN revela que "em muitas comunidades e nações, aqueles que vivem na pobreza, mulheres e crianças continuam a ser desproporcionalmente expostos a pesticidas, tornando esta uma questão de equidade e justiça ambiental".
Para agravar esta situação, é nos países em desenvolvimento onde está crescendo a procura por herbicidas e inseticidas, produtos que, em sua maioria, contaminam o maio ambiente. "Além disso, segundo a OMS, cerca de 30% dos pesticidas comercializados nos países em desenvolvimento para a agricultura ou para fins de saúde pública (...) não cumprem as normais de qualidade internacionalmente aceitas", pontua o relatório.
Também nos países desenvolvidos não há garantias de qualidade de vida e proteção contra a contaminação destes produtos. Dados coletados nos Estados Unidos usando um Detector de Contaminantes revelaram que "quando se usa praguicidas perigosos próximo às escolas e casas, as crianças e adultos estão expostos a praguicidas tóxicos associados a dano à saúde".
Para combater os males causados pela larga utilização destes produtos, a PAN recomenda em seu relatório que os responsáveis por tomar decisões no mundo "aumentem seu apoio à agricultura agroecológica e empreendam ações efetivas para reduzir a exposição por uso de praguicidas perigosos". As transnacionais responsáveis por fabricar, distribuir e promover os produtos também são chamadas a agir e se responsabilizar pelos dados causados à saúde e ao meio ambiente.
O relatório, em inglês, pode ser acessado no link: http://www.rapaluruguay.org/agrotoxicos/Prensa/PAN%20Global%20Report%20all%20pages.pdf
(Adital, 01/07/2010)