A Greenpeace divulgou hoje novas imagens de criaturas únicas que habitam as profundezas do Oceano Árctico, obtidas com câmeras submersas de alta tecnologia. Estas imagens revelam criaturas de crescimento lento que sobrevivem neste ambiente inóspito coberto de gelo entre Outono e Primavera, como anémonas-do-mar, tunicatas e corais moles.
As alterações climáticas têm vindo a ameaçar cada vez mais a vida marinha que habita o Oceano Árctico. O aumento das temperaturas, as alterações das correntes e a acidificação dos oceanos estão a afectar este ecossistema pristino. Simultaneamente, o recuar do gelo no pólo Norte tem permitido aos grandes arrastões aventurarem-se por territórios até hoje inexplorados. Para proteger as criaturas que habitam as profundezas deste oceano, a Greenpeace está a pedir uma moratória internacional para todas as actividades industriais na pesca de arrasto.
A Greenpeace pede protecção imediata destas águas até que seja adoptado um regime de gestão internacional que protege efectivamente o Oceano Árctico, defendendo que qualquer pescaria que esteja a emergir neste oceano deve ser imediatamente proibida até que a comunidade científica tenha oportunidade de investigar este ecossistema e a forma como está a ser afectado pelas alterações climáticas.
A pesca de arrasto pode devastar uma quantidade incrível desta vida marinha de crescimento lento. No entanto, proibir a pesca de arrasto acima dos 80 graus não implica um impacto económico significativo para a indústria da pesca. Portugal tem licença para pescar nas águas do Mar de Barents, com uma frota que inclui nove arrastões e uma quota de 4.730 toneladas por ano. A maior parte do bacalhau consumido em Portugal vem do Mar de Barents. Como medida imediata de protecção, a Greenpeace defende que esta área deve ser interdita às frotas de arrastões que pescam no Mar de Barents.
Neste momento, nada impede a frota portuguesa de seguir o exemplo dos arrastões noruegueses e russos e começar a pescar mais a norte. Com os cientistas a alertar para o colapso iminente da maioria dos stocks de bacalhau existentes, é fundamental proteger o último refúgio desta espécie dominante no mercado de peixe português, recusando o peixe proveniente deste território ou bacalhau que tenha sido capturado por arrasto de fundo.
A Greenpeace está também a pedir às grandes cadeias de distribuição alimentar, responsáveis por 70% das vendas de peixe em Portugal, que contribuam para a conservação deste habitat pristino, recusando comercializar peixe, em particular bacalhau, proveniente desta área e optando por fornecer bacalhau de stocks considerados mais saudáveis e que não estejam associados à pesca de arrasto de fundo.
(Greenpeace Brasil, 01/07/2010)