Atualmente, uma das principais ameaças às comunidades rurais do norte da Bahia é o avanço das empresas de pesquisa e exploração mineral. Geralmente, as empresas chegam às comunidades sem o consentimento das famílias ou fazendo promessas de geração de emprego e progresso. Em alguns casos, quando as comunidades não aceitam a presença da empresa, há ameaças e riscos para as famílias, como está acontecendo no município de Sento Sé, Bahia.
Segundo relatos de moradores da comunidade de Campo Largo, no município de Sento Sé, no dia 27 de abril deste ano, um grupo de pessoas falando em nome da empresa Biobrax S/A e do engenheiro Enoque Domingos de Oliveira Junior procurou a presidente da Associação de Fundos de Pasto dos Pequenos Produtores de Campo Largo, Carmem Alves Batista, oferecendo dinheiro, com o objetivo de conseguir a adesão dela para que convencesse a comunidade a aceitar a pesquisa mineral na comunidade.
Por conhecer os impactos e a destruição que as mineradoras causam às famílias rurais e à natureza, a presidente da referida associação recusou a proposta. Segundo a própria Carmem, diante da sua recusa, no dia 5 de maio, um morador da comunidade que trabalha para a empresa a ameaçou de morte, dizendo que ela só tinha 15 dias de vida.
A partir de então, Carmem passou a ser perseguida pelo morador que, segundo ela, informou que já havia um pistoleiro, conhecido por Raimundo da Umburana, pronto para executá-la.
Ainda de acordo com relatos de moradores da comunidade, no dia 18 de junho, um grupo de 12 homens portando armas, chegou à comunidade ameaçando os moradores e à procura de Carmem. Em seguida, o mesmo grupo foi a outra comunidade, de nome Alegre, e procedeu da mesma forma: diziam que ou a comunidade deixava a terra livre para eles ou haveriam mortes.
Ainda segundo informações da comunidade, imediatamente, a Polícia Militar foi acionada, seguiu e capturou os pistoleiros, que informaram estar a serviço da Biobrax. Moradores ainda informaram que a empresa tem interesse em explorar minério e plantar pinhão-manso para a geração de biodiesel.
A comunidade de Campo Largo está assustada com o fato, mas permanece unida e organizada, resistindo à investida da empresa e defendendo os seus territórios.
Diante desse fato, denunciamos e exigimos providências das autoridades constituídas, para a que a comunidade continue com segurança e vivendo em harmonia com a natureza.
(Comissão Pastoral da Terra, EcoDebate, 01/07/2010)