Estagnado no Senado há alguns meses, o projeto da nova legislação do clima e energia pode vir a sofrer alterações para que finalmente conquiste os votos dos republicanos, mas para isso talvez seja necessário extinguir a idéia da taxa sobre o carbono.
O presidente norte-americano Barack Obama passou quase duas horas reunido com 23 senadores nesta terça-feira (29) com o objetivo de finalmente fazer andar o projeto da lei energética e climática que está parado há tanto tempo que muitos duvidam que ele se concretize ainda neste ano.
Obama saiu da reunião confiante de que avanços estão perto de serem alcançados ao conseguir que os autores do projeto, os senadores John Kerry e Joe Lieberman, se comprometessem a rever alguns pontos e talvez tornar a lei menos rígida se isso levar à aprovação.
Porém, muitos republicanos seguem afirmando que enquanto a idéia da taxa sobre o carbono estiver na mesa será impossível chegar a um acordo. Segundo eles, essa taxa não passa de mais um imposto que pode enfraquecer a competitividade da indústria dos Estados Unidos e que no fim vai acabar sendo arremessado sobre as costas dos contribuintes.
“Se tirarmos o conceito da taxa nacional de energia da equação, poderíamos adotar rapidamente a legislação”, afirmou o senador republicano Lamar Alexander. A própria Casa Branca reconheceu que ainda existem grandes obstáculos, mas que ao menos agora os senadores parecem estar dispostos a voltar às negociações. Republicanos e democratas confirmaram que vão voltar a conversar sobre como modificar a lei para que se chegue a um consenso.
Os republicanos aceitam ter metas como incentivar o crescimento da frota de carros elétricos, construir mais usinas nucleares e aumentar os investimentos no desenvolvimento de energias limpas. Já os democratas não abrem mão de medidas concretas para reduzir as emissões, uma delas justamente colocar um preço no carbono. “Nós já aprovamos 10 leis de energia desde o governo Nixon e nenhuma delas foi eficiente. Sem o preço sobre o carbono teremos apenas mais uma lei sem grandes efeitos nas emissões”, declarou o senador John Kerry.
Pressão da Sociedade
Desde o desastre do vazamento de petróleo no Golfo do México, a administração Obama tenta redimir sua imagem e um dos carros chefes para isso é justamente o projeto da lei climática. “Eu acredito que a melhor maneira de realizarmos a transição para uma economia de baixo carbono é através dessa lei. Colocar um preço na poluição é uma das maneiras mais eficazes nesse sentido”, disse o presidente norte-americano.
Fazendo coro com o governo, aparece o Pew Center on Global Climate Change, uma coalizão de 93 organizações, empresas e sindicatos. Em uma propaganda que está sendo divulgada nos veículos impressos do EUA, a entidade pede para que os senadores ponham de lado as divergências partidárias e cheguem a um consenso. Os membros do Pew Center combinados reúnem um capital de US$ 2,6 trilhões e mais de 11 milhões de trabalhadores, sendo, portanto, uma considerável força política.
O senador Lieberman aposta que toda essa pressão irá facilitar o andamento das negociações. “Antes os republicanos não queriam nem conversar, agora já falam em encontrar formas mais brandas para alcançar o mesmo objetivo da taxa de carbono. Aos poucos estamos avançando”, concluiu.
(Por Fabiano Ávila, Agência Carbono Brasil, IHU-Unisinos, 01/07/2010)