A Agência Nacional da Aviação Civil (Anac) revelou que o número de horas voadas passou de cerca de 450 mil, em 1995, para mais de 1 milhão, em 2008. No mesmo período, também segundo a Anac, o número de assentos utilizados no Brasil dobrou.
A boa notícia é que os novos movimentos do setor indicam que esse crescimento passa pelo cuidado com o ambiente. O uso de biocombustíveis chegou com força à aviação. Em maio, foi criada a Aliança Brasileira para Biocombustíveis de Aviação (Abraba), que reúne 10 entidades, entre companhias aéreas, pesquisadores, produtores de biomassa e fabricantes nacionais.
– Tínhamos uma preocupação em comum e decidimos nos unir para promover iniciativas viáveis – explica Guilherme Freire, diretor de Estratégias e Tecnologias para Meio Ambiente da Embraer.
Freire conta que o transporte aéreo doméstico mundial é responsável por cerca de 2% dos gases de efeito estufa liberados na atmosfera. O uso de combustível renovável é uma opção para reduzir essas emissões.
As primeiras iniciativas, como testes em aviões de carga, esbarraram no custo e na adaptação da tecnologia. O ideal é que os motores das aeronaves consigam se adaptar ao novo combustível sem grandes alterações técnicas.
Por isso, na maior parte das vezes, o uso começa em pequenas doses ou em apenas um motor e vai evoluindo. Agora, a maturidade tecnológica permite que as empresas pensem em transportar passageiros usando biocombustíveis em um futuro próximo.
– A partir de 2012, os biocombustíveis devem se tornar uma realidade na aviação – diz Fernando Rockert de Magalhães, vice-presidente técnico da Gol.
A Sustainable Aviation Fuel Users Group (Safug), organização mundial criada em 2008 que reúne 19 empresas, como Gol e TAM, também integrantes da Abraba, é parte do crescente movimento em prol do uso de biocombustíveis em aviões.
Até o final do ano, a Safug deve definir especificações técnicas sobre o uso desses combustíveis, facilitando seu desenvolvimento no Brasil. Depois, o desafio é a distribuição de qualidade para as empresas associadas.
– O preço será regulado pelo mercado, mas a logística de distribuição é fundamental – reforça Magalhães.
Enquanto aguardam a regulamentação da Safug, as brasileiras começam a agir. A Embraer comercializa o modelo agrícola Ipanema, primeira aeronave produzida em série para voar com etanol. Já a TAM programa um voo de demonstração, no segundo semestre, com combustível produzido a partir de óleo de pinhão.
– Apostamos hoje para ter um projeto comercial no futuro – garante o vice-presidente de Suprimentos e Contratos da TAM, José Zaidan Maluf.
Por sua vez, a empresa Gol decidiu diminuir o consumo do querosene, com a redução de 2% na velocidade das aeronaves, por exemplo.
(O Pioneiro, 01/07/2010)