Com cinco casos confirmados de dengue contraídos em Porto Alegre, a mobilização da população deve ser reforçada durante o inverno. Para evitar uma epidemia na estação, a Coordenadoria Geral de Vigilância (CVS) em Saúde do município está discutindo estratégias para eliminar as chances de a doença se espalhar quando as temperaturas se elevarem. Segundo o coordenador-adjunto da CVS, José Carlos Sangiovanni, os casos registrados representam um número reduzido se for levado em conta o número de habitantes de Porto Alegre, que é de 1,5 milhão de pessoas.
Os pacientes foram identificados na mesma área, no bairro Jardim Carvalho. Assim, a cidade não tem um cenário preocupante. "No entanto, sem as ações de prevenção, os casos vão aumentar consideravelmente após o inverno", afirmou ele, não descartando a possibilidade de novos pacientes serem registrados no trabalho de monitoramento dos agentes de combate às endemias na região.
Entre as ações de prevenção, a Secretaria Municipal de Saúde realiza bloqueios, com a aplicação de inseticida próximo dos locais onde foram identificados pacientes com a suspeita da doença. Além disso, houve ampliação das equipes que visitam casas, condomínios e estabelecimentos comerciais, identificando focos de criadouros de larvas.
Mesmo assim, Sangiovanni apontou que o receio é grande, caso a população não adote cuidados dentro de suas residências. "Essas ações são paliativas. O que realmente vai eliminar as possibilidades de haver uma epidemia de dengue em Porto Alegre é a participação da população durante os 12 meses do ano. Essa é a chave para combater a doença", declarou ele.
O último levantamento do índice de Infestação do Aedes aegypti apontou que 68% dos criadouros do mosquito estão localizados em locais pequenos e dentro das residências. O vetor da doença foi identificado na Capital em 2001 e na época o maior número de criadouros estava em floriculturas e terrenos vazios. Por meio da educação e do trabalho de conscientização, esse cenário mudou. "Agora são as residências que mais preocupam. Sem a prevenção dentro das casas, não será possível evitar uma situação de epidemia quando chegar a primavera e o verão", afirmou ele.
Para acabar com os focos da doença dentro de casa, são necessários alguns hábitos simples. O aconselhado é que uma vez por semana os proprietários façam revisões nas suas casas e pátios, em especial depois de chuvas. Nas vistorias, deve ser verificada a existência de pontos com água parada, como em garrafas PET, vasos de plantas, ralos, pneus, calhas, telhas e refratários.
Para Sangiovanni, os cuidados devem ser ainda redobrados devido ao cenário instável da doença no país. De acordo com o Ministério da Saúde, existe a circulação do vírus em vários estados, como Rio de Janeiro, Brasília e Minas Gerais. Além disso, no Rio Grande do Sul há cidades que ainda estão monitorando os casos da doença.
(Correio do Povo, 01/07/2010)