Uma parceria entre o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e a Associação Brasileira de Materiais Compósitos (Abmaco) estuda alternativas para destinação de resíduos de compósitos.
Inserido no Programa Nacional de Reciclagem de Compósitos, a parceria, que envolve também a participação de 19 empresas investidoras, tem por objetivo o processamento mecânico dos resíduos dos compósitos, ou seja, a moagem do material para a sua reintegração no próprio processo fabril das empresas envolvidas.
Segundo estimativas da associação, o setor brasileiro de compósitos gera 18 mil toneladas de resíduos por ano, o que corresponde a uma despesa de R$ 120 milhões com o descarte em aterros sanitários. Os compósitos são usados na fabricação de produtos como cabines telefônicas, bancos de ônibus, pranchas de surfe e caixas d’água, entre outros.
A reciclagem dos compósitos é mais complexa do que a dos plásticos comuns como os utilizados em garrafas PET. Isso porque os compósitos são mais rígidos em razão da maior complexidade em sua formação química, com ligações cruzadas que dificultam o seu processamento.
O projeto se concentrará no estudo dos descartes industriais de compósitos termofixos com fibra de vidro, que respondem por 75% do total processado atualmente no Brasil. Os pesquisadores estudarão o limite de reutilização sem a perda de resistência mecânica, como fazer a caracterização das frações que formam os resíduos e também discutirão as alternativas de aproveitamento dos materiais.
De acordo com o IPT, um dos desafios será resolver problemas técnicos como a presença dos catalisadores e dos aceleradores utilizados na fase de polimerização da resina. Como esses materiais podem estar ativos mesmo após a moagem dos resíduos, os pesquisadores incluíram no plano de trabalho um estudo para encontrar formas de inertização das substâncias ou alternativas para o seu uso.
Além do Laboratório de Processos Químicos e Tecnologia de Partículas, o projeto envolverá, a partir de 2011, também o Laboratório de Materiais de Construção Civil, que já possui competências no reaproveitamento de resíduos de construção e demolição.
Na segunda fase, o projeto contemplará as possíveis aplicações dos compósitos como matéria-prima em outros setores industriais, como construção civil. O programa tem previsão de conclusão no segundo semestre de 2011.
(Agência FAPESP, 30/6/2010)