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poda de árvores
2010-06-30 | Tatianaf

As cidades brasileiras guardam um tesouro pouco explorado em suas ruas, avenidas e parques: as árvores. Estima-se que só na capital paulista sejam recolhidos mais de 4 mil toneladas de resíduos de podas de árvores por mês.

Aprovada em 2008, uma lei municipal ainda não regulamentada começa a fazer com que as subprefeituras tomem atitudes para reutilizar esses resíduos, até então enviados para aterros sanitários.

A primeira subprefeitura a tentar aproveitar essas sobras valiosas foi Santo Amaro, onde um triturador transforma cerca de 4 mil toneladas de resíduos recolhidos anualmente em húmus. Recentemente, a Subprefeitura da Lapa assinou uma parceria com uma cooperativa credenciada no sistema de coleta seletiva da cidade para gerar renda com resíduos de podas.

"A cooperativa instalou em um galpão da Prefeitura uma máquina para processar esses resíduos. Eles fornecem a mão de obra e nós entramos com os resíduos", diz o subprefeito Carlos Fernandes. Só na Subprefeitura da Lapa são recolhidas 4,5 mil toneladas por ano entre resíduos de podas e caixaria da região do entorno da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp).

"Por enquanto, a ideia é produzir composto orgânico, cavaco e placa de fibra de madeira comprimida (MDF). O projeto tem menos de dois meses, então, é possível que, com o passar do tempo, consigamos dar uma destinação até mais nobre para os resíduos maiores", acrescenta.

Destino nobre. Leis para regulamentar a destinação de resíduos de poda urbana já estão sendo discutidas em vários municípios do Estado de São Paulo, como Campinas, Santa Bárbara d"Oeste e São Carlos. Mas, de acordo com a engenheira florestal Ana Maria de Meira, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), boa parte dos municípios não tem sequer políticas para arborização urbana, quanto mais para o reaproveitamento dos resíduos gerados por ela. Ana defendeu recentemente a tese Gestão de Resíduos da Arborização Urbana, orientada pela professora Adriana Nolasco, da Esalq.

"Na maioria dos municípios esses resíduos vão parar em mananciais, onde geram risco de incêndio e degradação da paisagem, além de ser um desperdício imenso de matéria-prima", afirma Ana.

Em levantamento realizado pela professora Adriana Nolasco com 73 municípios do interior de São Paulo foi constatado que, entre os que realizam algum tipo de aproveitamento dos resíduos de poda e remoção, as principais iniciativas de valorização dos resíduos referem-se à produção de composto orgânico (23%), à aplicação em infraestrutura como mata-burros e estradas (17%), ao controle de erosão (12%) e produção de cerâmicas (9%).

"Nos municípios pequenos a situação é mais complicada, pois muitas vezes os próprios cidadãos se encarregam de podar e dar destino ao que foi podado. Nas cidades de médio porte, as prefeituras já assumiram essa responsabilidade, fazendo a poda e a remoção. Em alguns casos essa poda é terceirizada oor meio de licitação e a empresa prestadora do serviço é que dá destino aos resíduos", afirma Adriana, da Esalq. Segundo ela, nestes casos, ou o material vai para um depósito, ou é doado como lenha para padarias, pizzarias e olarias.

O aproveitamento dos resíduos de poda e até mesmo de queda (ventanias e chuvas fortes costumam deixar para trás um rastro de árvores caídas) depende de vários fatores. Folhas, frutos, sementes, galhos e flores são aproveitados de diferentes maneiras.

"No caso dos galhos, aqueles com um diâmetro à altura do peito (DAP) de 0 a 8 centímetros praticamente só servem para a compostagem (transformação em adubo). Agora, troncos e galhos mais grossos podem ter uma infinidade de utilidades, desde mobiliário urbano até cabos para ferramentas, brinquedos, utensílios domésticos e até lenha e carvão."

Em Jacareí, interior de São Paulo, são recolhidas 100 toneladas por mês de resíduo de poda. "Desse total, 40% mandamos para uma empresa que tritura e produz biomassa. Eles pagam R$ 20 por tonelada de resíduo e o valor é transferido para a cooperativa Jacareí Recicla", afirma o secretário de Meio Ambiente, José Roberto Fernandes da Silva.

Conforto. Os serviços prestados pela arborização urbana são inúmeros e é preciso pensar neles antes de planejar o espaço das cidades. "Uma tipuana adulta consegue interceptar entre 40% e 60% da água da chuva que cai sobre ela", afirma Demóstenes Ferreira da Silva Filho, especialista em silvicultura urbana na Esalq. Segundo ele, as árvores, além de colaborarem para condicionar o clima, reduzem a poluição e provêm conforto para o cidadão - em forma de sombra e até beleza paisagística. Isso sem contar o que se pode aproveitar delas depois da poda.

Nas cidades
Algumas espécies são muito utilizadas nos municípios por suas características físicas. Conheça as principais:

Sibipiruna
Caesalpinia peltophoroides
Espécie original da Mata Atlântica, pode atingir altura máxima de 18 metros, com tronco de 30 a 40 cm de
diâmetro. Costuma viver por mais de um século.

Tipuana
Tipuana tipu
Árvore de clima tropical e subtropical que, quando
jovem, cresce até 1 metro
por ano, atingindo a altura máxima aproximada de
12 metros.

Ipê
Tabebuia impetiginosa
Tem crescimento moderado a rápido e flores em forma
de trombeta. A floração atrai
polinizadores, como
beija-flores e abelhas.

Oiti
Licania tomentosa
Ocorre mais na Região
Nordeste, e floresce
principalmente entre agosto e setembro. Pode atingir
entre 8 e 15 metros.

(Por Karina Ninni, O Estado de S.Paulo, 30/06/2010)


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