A Administração de Drogas e Alimentos dos EUA (FDA, na sigla em inglês) estuda a possibilidade de aprovar a venda do primeiro animal geneticamente modificado que as pessoas podem comer - um salmão, que chega a alcançar o dobro do tamanho normal.
A responsável pela criação do salmão transgênico tenta a aprovação há uma década. Mas, agora, a empresa parece ter conseguido finalmente reunir todos os dados de que a FDA precisa para analisar se o salmão é seguro para o meio ambiente. Um encontro público para discutir o salmão deve ocorrer até o fim do ano.
Alguns consumidores e grupos ambientalistas devem levantar objeções à aprovação. Mesmo dentro da FDA se discute se o salmão deveria ser rotulado como geneticamente modificado, uma vez que os grãos transgênicos não o são.
A aprovação do salmão ajudaria a abrir caminho para empresas e cientistas que desenvolvem outros animais geneticamente modificados, como gado resistente ao mal da vaca louca ou porcos capazes de oferecer um bacon mais saudável. O próximo na linha de aprovação logo atrás do salmão seria o "porco verde", criado numa universidade canadense, que causaria menos poluição por fósforo em seus excrementos.
O salmão foi desenvolvido por uma empresa chamada AquaBounty Technologies e a ideia é que seja criado em fazendas marinhas. Trata-se do salmão do Atlântico acrescido de um gene de hormônio do crescimento do salmão Chinook e ainda de um outro peixe de águas frias, parente distante do salmão.
Normalmente, o salmão não produz hormônio do crescimento nos períodos mais frios. Mas, com o acréscimo genético, ele passa a produzir ao longo de todo o ano. O resultado é um salmão que alcança tamanho de mercado em 16 a 18 meses, em vez dos três anos regulamentares. A empresa garante que o salmão modificado não ficará maior do que o normal.
- A ideia é alcançar o tamanho em menos tempo - explicou o chefe-executivo da AquaBounty, Ronald L. Stotish.
Segundo a AquaBounty, a FDA já teria assinado cinco dos sete documentos necessários para demonstrar que o peixe é seguro para o consumo e o meio ambiente. A empresa garante que já comprovou, por exemplo, que o gene inserido não muda ao longo das gerações e que a engenharia genética não é prejudicial aos animais.
- Esperamos uma aprovação nos próximos meses - afirmou Stotish.
(O Globo, 29/06/2010)