Zero Hora volta a usar o selo Vida Real, criado na eleição de 2008 com o objetivo de fazer com que os candidatos se posicionem sobre assuntos controversos e não tergiversem. O Vida Real de hoje trata sobre o projeto do cais do porto, que teve autorizada ontem a abertura do processo de licitação. Na página ao lado, a opinião dos candidatos ao Piratini.
A revitalização do cais do porto da Capital, projeto ancorado há cerca de três décadas, ganhou um impulso inédito ontem. O governo estadual autorizou o início do processo de licitação destinado a escolher a empresa que reformulará um dos cenários mais nobres da cidade. Para o antigo plano desencalhar de vez, porém, deverá trazer a bordo consórcios interessados em investir entre R$ 400 milhões e R$ 500 milhões em troca da exploração comercial da área.
O governo espera que as obras deslanchem no começo de 2011. A área a ser beneficiada pela remodelação vai da Usina do Gasômetro às proximidades da Estação Rodoviária. Dos 12 armazéns existentes no trecho, 11 são tombados pelo Patrimônio Histórico e serão preservados. O local deverá abrigar hotel, centro de educação ambiental, espaços de lazer, comércio e cultura.
– Tenho orgulho de estar aqui, no final do segundo tempo nesse projeto, pois trabalhamos duro desde o início – afirmou a governadora Yeda Crusius, ao assinar a autorização acompanhada pelo prefeito José Fortunati.
Na prática, a assinatura permite que o governo publique o edital de licitação para as obras de revitalização do chamado Cais Mauá. Depois disso, receberá as propostas de empresas dispostas a custear a renovação mediante a exploração comercial do espaço por 25 anos, renováveis por outros 25. Disso depende o sucesso da nova tentativa de recuperar a região. O gerente do projeto, Edemar Tutikian, está confiante:
– Sabemos do interesse de empresas. A diferença é que, desta vez, tudo já foi discutido, como o que pode e o que não pode fazer na área.
Essa é a primeira vez que o plano chega ao estágio de licitação. Durante o governo de Antônio Britto chegou a ser realizado um concurso arquitetônico, mas o projeto não foi adiante. Tutikian afirma que as propostas dos consórcios interessados serão abertas em setembro e, até o final do ano, será indicado o vencedor. Depois disso, deverão ser elaborados os projetos executivos. O início das obras, segundo ele, poderia ocorrer poucos meses depois.
A licitação estabelece as regras gerais do que pode ser feito no porto (veja quadro), mas a definição do projeto dependerá do vencedor da licitação. A área total de abrangência do projeto é de 181 mil metros quadrados incluindo as docas, os armazéns e a área da Usina do Gasômetro. O plano prevê, ainda, a continuidade do Muro da Mauá, que divide a população do Guaíba na região central. Chegou-se a cogitar a diminuição do obstáculo à metade, mas a ideia não prosperou.
Próximos passos
- Lançamento do edital de licitação: a expectativa é de que seja divulgado ainda nesta semana.
- Abertura das propostas: no final de setembro devem ser conhecidas as propostas da iniciativa privada.
- Escolha do vencedor: a comissão do cais espera definir o consórcio que tocará o projeto até o final de dezembro.
- Início das obras: conforme forem sendo obtidas as licenças, as obras poderiam ter início no começo do ano que vem.
- Conclusão das obras: a intenção é entregar o cais remodelado até a Copa do Mundo de 2014, que terá Porto Alegre como uma das sedes.
Histórico
Confira uma lista de ideias recentes para a área do cais da Capital e que destino tiveram:
- 1988 – Projeto Cais do Porto, do então prefeito Alceu Collares, não consegue sair do papel
- 1991 – Prefeitura lança novo projeto chamado Caminho do Porto, com transformações em cinco armazéns
- 1995 – O governo do Estado anuncia plano para revitalizar parte da área
- 1998 – Novo projeto de revitalização é lançado, com o nome de Porto dos Casais. Não sai do papel
- 2003 – Governo cria comissão para reavaliar o Porto dos Casais, que decide reaproveitar o projeto
- 2004 – Plano de recuperação é relançado, com o nome de Revitalização do Cais Mauá
- 2007 – Depois de dois anos de estudos, governo recomeça projeto do zero e convoca a iniciativa privada para participar do processo
- 2008 – É elaborado um plano de negócio que aponta possíveis soluções para recuperar a área
- 2009 – Plano final é encaminhado à Câmara de Vereadores, que aprova a revitalização
- 2010 – Projeto chega à etapa de licitação pública
(Zero Hora, 29/06/2010)