A companhia anglo holandesa Shell rechaçou na semana passada a revelação de documentos que mostrariam mais informações sobre os vazamentos de seus oleodutos na zona do Delta do Níger, na Nigéria. O comportamento da empresa demonstra que está escondendo fatos para não ter que limpar sua contaminação e compensar as comunidades locais, conforme alertam os Amigos da Terra Holanda.
A negativa da Shell aconteceu em março quando os Amigos da Terra Holanda e quatro agricultores e pescadores nigerianos estavam realizando uma audiência em Haya. O caso é contra a matriz e subsidiária Shell Nigéria. Os requerentes acusam a companhia pela grande contaminação ambiental provocada pelo vazamento de petroleiras nos povoados de Oruma, Goi e Ikot Ada Udo. Agora eles pediram uma audiência especial a corte para pedir que a Shell facilite o acesso aos 30 documentos.
"Pedimos a Shell informações referentes ao dano de seus derrames de petróleo, o plano de contenção desses derrames, dentre outras, mas a empresa disse que não nos daria nenhum desses documentos," disse à Rádio Mundo Real, Geert Ritsema, porta-voz de Amigos da Terra Holanda.
"A Shell tenta se mostrar como uma empresa aberta e transparente mas na realidade é completamente fechada", disse o ativista. "Sempre dizem que fazem tudo apropriadamente e que seguem as normas, mas se é assim", pergunta ele, "por que simplesmente não revelam os dados?"
"Eu penso que a razão pela qual se negam a dar esses documentos é que tem medo de logo serem forçados a pagar alguma compensação e limpar o meio ambiente, o que eles querem evitar," disse Ritsema.
Os Amigos da Terra Holanda e os quatro agricultores e pescadores nigerianos querem em juízo que a Shell realize uma manutenção adequada das suas instalações na Nigéria, porque as investigações realizadas indicam que não alcançam os níveis exigidos internacionalmente. Os oleodutos usados ali nunca seriam aceitos na Europa, por exemplo, manifestou Ritsema à Rádio Mundo Real. Os requerentes no processo também pedem que a Shell limpe a sua contaminação e compense economicamente os quatro nigerianos, porque eles não podem pescar e nem cultivar desde 2005. Ritsema declarou que a contaminação da Shell afeta em geral toda a população de Oruma, Goi e Ikot Ada Udo. Por isso, a demanda de limpeza é tão importante, para que toda a comunidade seja beneficiada.
O ativista dos Amigos da Terra Holanda contou que visitou os povoados de Goi e Oruma e que estes começaram a se desintegrar, pois as pessoas estão desesperadas por não terem nada para comer.
Os ativistas estimam que a quantidade de óleo derramada pela Shell na Nigéria durante os últimos 50 anos quase quintuplica o volume que jorra pela britânica Britsh Petrolium no Golfo do México neste momento.
(Rádio Mundo Real, EcoAgência, 28/06/2010)