Os ambientalistas argentinos que se opõem às atividades da fábrica de pasta de celulose UPM, ex-Botnia, rechaçaram a possibilidade do Brasil monitorar o Rio Uruguai junto com os governos da Argentina e do Uruguai.
De acordo com eles, o monitoramento deve ser binacional, de modo que seja cumprida a sentença emitida pela Corte Internacional de Justiça, em Haia, na Holanda, emitida em abril.
"O Uruguai pretende dilatar o cumprimento da normativa existente, postergar o conflito e esmerilhar uma demanda pacífica derivada do caráter legal e contaminador da Botnia-UPM", disseram os manifestantes, referindo-se ao fato de Montevidéu demonstrar simpatia pela presença do Brasil no caso.
Em um comunicado, eles ainda destacaram que "a intervenção de um país não corresponde em um caso de conflito binacional que já dura sete anos". A fábrica da UPM, localizada na cidade uruguaia de Fray Bentos, opera desde 2007. Devido à sua instalação no local, que fica próximo à fronteira entre Uruguai e Argentina, Buenos Aires acionou a Corte de Haia alegando que o país vizinho teria violado o tratado do Rio Uruguai, que delimita o território das duas nações.
Além disso, ambientalistas e moradores da cidade argentina de Gualeguaychú, que também fica perto da fronteira, acreditam que a empresa polui a região. Como protesto, eles bloquearam cerca de quatro anos uma ponte internacional que liga os dois países.
O bloqueio foi suspenso no último dia 17 e, de acordo com os manifestantes, a ponte ficará livre por 60 dias para incentivar os diálogos entre Buenos Aires e Montevidéu.
De acordo com a sentença de Haia, o Uruguai realmente descumpriu o tratado que rege à fronteira, mas a UPM não polui o local. A Corte também determinou um monitoramento conjunto das atividades da empresa.
Recentemente, o embaixador brasileiro em Montevidéu, José Eduardo Felício, afirmou que o Brasil está aberto a participar do um se os presidentes do Uruguai, José Mujica, e da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, aceitarem. A eventual do país poderia ocorrer porque o rio nasce em seu território.
Segundo o diplomata, o país de Luiz Inácio Lula da Silva "está sempre disposto a ajudar". Apesar disso, Felício ressaltou que o governo brasileiro "não recebeu nada" oficialmente sobre a proposta.
A instalação da UPM e o processo em Haia geraram um dos maiores conflitos diplomáticos recentes entre os dois países. Buenos Aires e Montevidéu procuram agora restabelecer seus laços com o controle sobre a região recomendado pela Corte de Haia.
(Ansa, DCI, 28/06/2010)