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passivos da indústria química
2010-06-28 | Tatianaf

Frequentemente, as cidades argentinas são o cenário escolhido por grandes empresas para instalação de negócios que alteram a vida de seus moradores e danificam seriamente o meio ambiente. Mineradoras a céu aberto, monocultivos, agronegócio, são algumas das ameaças presentes. Mas uma iniciativa em Casilda, província de Santa Fé, chama a atenção para o respeito e a cidadania das populações.

Uma consulta pública - não vinculante - será realizada entre os dias 26 e 30 deste mês, na sede do Palácio Municipal, vai perguntar aos moradores e moradoras de Casilda, que tem 40.000 habitantes, se eles querem ou não a implantação de uma empresa formuladora de agroquímicos, um projeto levado à frente pelos Agricultores Federados Argentinos SCL (AFA).

A iniciativa foi provocada pelo Conselho Assessor da Comissão de Ecologia da Instância Deliberante do Município. A medida é inédita, explica a médica veterinária e integrante do Conselho, Claudia Nigro. Em entrevista a ADITAL, ela aprofunda mais o assunto.

Adital - Como estão as mobilizações para a consulta popular sobre o projeto de agroquímicos? Os moradores, em geral, têm informação sobre o tema?

Claudia Nigro - A campanha de conscientização recém começou. Os/as moradores/as não sabiam nada a respeito porque os vereadores pensavam resolver isto de outra maneira; quer dizer, votando em favor do Projeto. No entanto, o Conselho Assessor da Comissão de Ecologia da Instância Deliberante do Município, do qual faço parte, introduziu uma quebra na discussão e os obrigou a realizar a consulta popular.

Por outro lado, Casilda, localizada no sul de Santa Fé, está no núcleo da produção de milho e soja; tem mais de 30 anos de agricultura intensiva e aderiu ao pacote tecnológico sem discussão alguma. Isto pôs os produtores de soja em uma situação econômica de privilégio e há resistência para debater o modelo agrícola vigente. Além disso, as pessoas em geral mantêm o perfil sob este tema, sabemos que há muitos contra o projeto e estamos motivando-os para que votem. Vamos bem, mas falta intensificar a campanha. Finalmente, tanto o Conselho Assessor como a militância pelo "Não" ao Projeto se fazem absolutamente ad honorem; isto é, derivando tempo dos companheiros que trabalham, etc. para envolvê-los nesta questão.

Adital - As grandes empresas têm muito poder de decisão. Neste contexto, qual é a importância de conseguir que se realize uma consulta pública, qual é sua força?

Claudia Nigro - A consulta popular é um mecanismo inovador nesta região. Trata-se de participar diretamente na tomada de decisão de certos temas. Na realidade, esperávamos que os vereadores tivessem no Relatório gerado pelo Conselho Assessor, fundamento suficiente para indeferir o projeto. Mas diante da evidência de que isto não foi suficiente, a próprio Conselho quis assegurar-se de que os vereadores escutariam o povo. Só a realização implica um avanço no sentido que envolve a quem deveria suportar ter que conviver com o projeto e o enfrenta na realidade: estamos dispostos a expor nossa saúde, a de nossos filhos, as gerações futuras, o ambiente, etc… para que uma cooperativa avance em seus interesses que são nitidamente econômicos e que aprofundam um modelo de produção que a toda luz é insustentável?

Adital - Quais são os principais motivos apresentados para que as pessoas rechacem este tipo de empreendimento na região?

Claudia Nigro - Entre outras questões, se manipularão substâncias perigosas, agrotóxicos de todo tipo: herbicidas, inseticidas, fungicidas, coadjuvantes e, mais adiante, inoculantes. É uma atividade de alto impacto ambiental; o projeto se localizaria a 3km da cidade, onde residem 40.000 pessoas e, o mais importante, nosso Corpo de Bombeiros Voluntários nos expressou que Casilda não estaria em condições de enfrentar um desastre natural.

Podemos nos imaginar mitigando uma emergência tecnológica? Segundo o Ministro de Saúde da Província, Ciancio, nosso aquífero confinado "Areias Puelches" estaria contaminado, entre outras causas, pelo mau uso dos agroquímicos. Como se tudo isso fosse pouco, já contamos com um projeto de similares características, de Dupont, frigoríficos e, como assinalei antes, mais de 30 anos de agricultura e a liberação ao ambiente de milhões de litros de agrotóxicos.

Adital - Confiam no resultado da consulta?

Claudia Nigro - Para dizer a verdade, não temos muita confiança nos resultados, já que os próprios vereadores, já haviam se dispostos a autorizar o projeto. Temos nossas expectativas postas na campanha de conscientização. Se resultar favorável, estaríamos marcando uma meta na luta contra o avanço do modelo agrícola vigente e isto estabeleceria um sinal de alarme nos poderes constituídos da agricultura industrial. Se nosso povo pudesse visualizar o poder que se está compartilhando, deveriam comparecer massivamente.

Adital - Quantas pessoas vão participar na consulta e como estão os preparativos?
 
Claudia Nigro - É necessário esclarecer que a consulta não é vinculante, mas prima um acordo tácito de respeito aos resultados; no entanto, não há garantias de que isto suceda. Quanto mais cidadãos/ãs participarem, mais contundente será a resposta, para o bem ou para o mal.

Já temos um espaço virtual, www.noalaplantadeagroquimicos.blogspot.com, e outra questão importante é que existem jornalistas que tomam posição pelo "Não", desde seus espaços comunicacionais. Isto nos surpreendeu. Recebemos o apoio ao "Não", de várias organizações sociais e organizaremos conversas com especialistas convidados. Finalmente, nos apostaremos, nos fins de semana nas praças mais transitadas da cidade para repartir folhetos e conversar com as pessoas.

(Por Rogéria Araújo, Adital, 27/06/2010)


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