A Petrobras está disposta a acelerar a produção de biocombustíveis, mesmo no limiar da concretização da exploração do pré-sal. No programa de investimento divulgado nesta semana, de 224 bilhões de dólares, o valor de pelo menos 1,3 bilhão de dólares deve ser alocado nessa área. A intenção é garantir participação maior da produção num sistema sustentável, com espaço privilegiado para as energias renováveis.
No seu planejamento estratégico, a empresa aposta nessa área fora do Brasil. A Petrobras anunciou que irá produzir biocombustíveis em Portugal a partir do dendê cultivado no Brasil. Foi firmada parceria com a Galp Energia e o projeto prevê instalação de unidade de produção na refinaria de Sines, em Portugal, com capacidade de 260 mil toneladas de biodiesel ao ano.
O coordenador do Comitê de Petróleo, Gás e Energia da Fiergs, Marcos Coester, entende que mesmo com o anúncio de fortes investimentos da Petrobras, o segmento de biodiesel deve perder espaço frente à revolução do pré-sal. "Acredito que a médio e longo prazo voltaremos a ter mais incentivos. Por enquanto vejo que as questões envolvendo a nova fronteira petrolífera estão sendo priorizadas", diz.
Para Coester, a elevação no índice de adição de biodiesel no diesel metropolitano pode ser um dos caminhos para garantir investimentos em novas plantas. Ele lembra o caso de Buenos Aires, onde há regulamentação frágil quanto a emissões do transporte coletivo. "O Brasil está sendo mais coerente na questão ambiental, fazendo regulamentação mais rígida, o que contribui para aumentar a produção de biodiesel e abrir novas perspectivas ao etanol no RS, com o zoneamento agrícola da cana-de-açúcar", assinalou.
Coester destaca que o desastre com o petróleo no Golfo do México pode impactar a produção de combustíveis fósseis, incrementando os biocombustíveis. "Há um mercado em expansão no exterior que está atrás do Brasil e pode ser alternativa ao que é feito", diz. No caso do RS, avalia que é preciso encontrar novos mercados até que haja adição maior no diesel normal, que pode chegar a 20%. Para garantir mais investimentos, o Estado ampliou o diferimento do pagamento do ICMS incidente na saída de máquinas e equipamentos industriais, peças e componentes de unidades industriais produtores de biodiesel, álcool neutro e álcool combustível no RS. A proposta atende às empresas que se encontram em expansão. Os benefícios são extensivos às que tenham acordos de construção ou ampliação de unidades na modalidade de Engineering, Procurement and Construction (EPC).
(Correio do Povo, 27/06/2010)