Disputando palmo a palmo com o Mato Grosso a liderança na produção nacional de biodiesel, a indústria do Rio Grande do Sul está executando novos investimentos no setor. Essa expansão preconiza o crescimento do mercado, que passa pelo aumento do consumo, principalmente por meio da adição de um percentual maior no biodiesel, ultrapassando os atuais 5% exigidos legalmente. Essa expectativa está sendo monitorada de perto pelas empresas do setor, como a BS Bios, de Passo Fundo.
O diretor-superintendente da empresa e vice-presidente da União Brasileira do Biodiesel (Ubrabio), Erasmo Carlos Battistella, lembra que o crescimento do setor está ligado às questões de sustentabilidade, como a redução da emissão de gases do efeito estufa e a ampliação do uso de energia renovável. "O Brasil é destaque na consolidação dessa matriz energética limpa, que chega a quase 50% do consumo nacional entre etanol, energia hidrelétrica com PCHs e biodiesel." Segundo ele, os principais fatores para que o Brasil consiga fazer bem a lição de casa estão nas grandes extensões de terras possíveis de cultivar, boa energia solar, alta tecnologia para produção e estabilidade política.
Battistella, porém, espera que novos movimentos sejam feitos pelo governo federal. "Precisamos de um mercado maior, que poderia ser garantido internamente com a confirmação do chamado D-10, o diesel com 10% de adição de biodiesel", afirma, lembrando que essa discussão está bem adiantada dentro da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Outra alternativa está na adição maior, de até 20%, no diesel metropolitano, que é usado no transporte coletivo nas maiores cidades brasileiras, onde estão os maiores problemas de poluição.
Ao analisar o caso do mercado gaúcho, Battistella reforça que as expansões produtivas podem ser freadas se não ocorrerem ações pelo aumento da utilização do biodiesel. "Nossa produção é a segunda do país e já é maior do que o consumo no Estado e, por isso, precisamos de novos mercados, até mesmo exportar." Ele espera que ainda neste ano seja garantido o D-10 Metropolitano e em 2011, a adição de 20% no diesel normal.
A BS Bios está concretizando um investimento na fábrica de Passo Fundo, que terá capacidade para realizar todos os processos na cadeia, já que recebeu R$ 99 milhões do Fundopem para finalizar o trabalho. Para Battistella, o mais importante é que a indústria do biodiesel também agrega valor à produção do setor primário, possibilitando pagar melhores preços aos produtores gaúchos. "Temos, ainda, a perspectiva dos investimentos no etanol e na fabricação do plástico verde."
(Por SANDRO SCHREINER, Correio do Povo, 27/06/2010)