Mais de 200 organizações de agricultura, ecologia e consumidores de todo o mundo, entre as quais a Plataforma Transgênicos Fora (Portugal), condenaram publicamente a tentativa, por parte da iniciativa internacional denominada Mesa Redonda sobre Soja Responsável, de legitimar a produção de soja transgênica com uma fachada de responsabilidade ambiental.
A Mesa Redonda sobre Soja Responsável propõe lançar, no Brasil, o rótulo Soja Responsável, que pretende distinguir uma produção ambientalmente correta da restante produção sojeira, que representa um dos principais fatores de desflorestação, erosão do solo, destruição do sustento de comunidades locais e contaminação com pesticidas da América do Sul, entre outras regiões. Mas o rótulo vai poder ser aplicado a soja transgênica cultivada em zonas recém-desmatadas, precisamente a forma de produção de maior impacto ambiental e social. Da Mesa Redonda, fazem parte a Monsanto, Bayer e Syngenta, entre outras multinacionais da produção intensiva e transgênica.
"Não estamos tendo direito de opção"
No Brasil os produtores que querem cultivar soja convencional estão com dificuldades em comprar semente - e isto porque a Monsanto quer forçar a compra de soja transgênica. Segundo duas associações de produtores, a Monsanto só vende semente de soja na proporção de um mínimo de 85% transgênica e um máximo de 15% não transgênica. Ou seja, quem não quiser comprar transgénicos tem que se vergar ao que a empresa impõe, porque quase não há concorrência. A Monsanto controla 70% de todo o mercado de semente de soja e, nalgumas regiões, possui um verdadeiro monopólio. O desabafo do presidente de uma das associações devia servir como aviso para os agricultores portugueses: "Não estamos tendo direito de opção."
Consulte o texto completo da carta aberta de protesto, em inglês: Growing Opposition to Round Table on Responsible Soy.
(Plataforma Transgênicos Fora/EcoAgência, 26/06/2010)