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aracruz/vcp/fibria celulose e papel
2010-06-25 | Tatianaf

Os agricultores de Linhares, Aracruz e São Mateus estão sendo solicitados a assinar papeis que reconhecem as terras da ex-Aracruz Celulose como confrontantes às suas propriedades. Além disso, o ‘documento’ reconhece as divisas da propriedade estabelecidas pela empresa como legítimas. O fato vem deixando agricultores apreensivos, já que os marcos estabelecidos pela empresa não são apresentados.

A denúncia é do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA). Na região, eles foram abordados e convocados a assinar os documentos, mas se recusaram a fazê-lo. Segundo eles, não foram informados os marcos estabelecidos pela empresa para tal reconhecimento. Ao ouvir a negativa dos agricultores, os técnicos afirmaram apenas que eles seriam convocados, então, para dar explicações à empresa.

“Não ficou claro qual empresa vai nos chamar, se é a Aracruz Celulose ou a Pretop. Mas o clima está tenso por aqui, os agricultores que assinaram estão preocupados e quem não assinou está tentando alertar os outros. Ao cobrarmos os limites estabelecidos pela empresa, os técnicos falaram que isso só outra empresa poderia responder, mas também não falaram qual delas”, afirmou um dos representantes do MPA em Linhares, Elias Alves.

Ao reconhecer as divisas da propriedade, conforme os marcos estabelecidos pela ex-Aracruz Celulose como legítimas, assim como reconhecer a empresa como confrontante da sua  propriedade, os agricultores podem estar se expondo a um risco, diz o MPA.

A mobilização dos técnicos terceirizados da ex-Aracruz Celulose (Fibria) vem sendo feita ‘sorrateiramente’ e a única informação dada pelos técnicos aos agricultores é que as equipes realizarão no Espírito Santo e na Bahia um inventário de terras, que, segundo eles, faz parte de uma prática periódica da empresa.

Entretanto, ao reconhecer limites desconhecidos pelo agricultor e estipulados pela empresa, o agricultor pode estar contribuindo para o mesmo processo com que a ex-Aracruz Celulose (Fibria) se apropriou de terras alheias no passado.

Para o MPA, nenhum camponês, quilombola ou indígena deve assinar o documento, que para a entidade legitima a grilagem de terras feita pela transnacional no passado. A entidade alerta ainda que os métodos apresentados pelos técnicos da Pretop são os mesmos utilizados no passado pela ex-Aracruz Celulose para ocupar terras no norte do Estado.

“Eles chegam com um mapa nas mãos, chamam o proprietário pelo nome e pedem para que informem seus dados pessoais e em seguida assinem um documento reconhecendo que as divisas de propriedade estabelecidas pela empresa são legítimas. Pedem para reconhecer a empresa como confrontante de propriedade também”, contou Elias.

O MPA não reconhece as terras da ex-Aracruz Celulose como legítimas e já iniciou uma campanha na região para que os agricultores não assinem os documentos propostos pelos terceirizados da ex-Aracruz. Afirmam que assinar o documento é colocar em dúvida, mesmo que inconscientemente,  as diversas pesquisas que apontam a empresa como grileira e usurpadora de terras públicas e tradicionais no norte do Estado.
 
“Ela está tentando colher muitas assinaturas para justificar algo, mas não informa o que é”, diz Elias Alves. Entre as possibilidades apontadas pelos agricultores que se recusaram a assinar o documento está a elaboração de um documento que confronte o relatório “Impactos do monocultivo em Direitos Humanos de Grandes Projetos”, apresentado em maio à Assembleia Legislativa.

O documento comprova não só métodos violentos para manter a ocupação de terras utilizados até os dias de hoje pela atual atual Fibria (ex-Aracruz Celulose), como demonstra o conluio com o poder público para garantir o uso de terras públicas pela empresa.

Segundo o relatório, as histórias de requerimento de terras do Estado por funcionários da Aracruz Celulose estão relatadas ponto a ponto no relatório, demonstrando inclusive a venda posterior das mesmas terras á transnacional por preços muito acima do mercado.

A terceirizada da Aracruz Celulose Petrop é dirigida por Américo Pretti Filho, seu fundador e ex-funcionário da Aracruz Celulose S/A, onde trabalhou por 14 anos.

Segundo o site da Petrop, a empresa é referência do mercado capixaba na implementação de Soluções em Inteligência Geográfica e Topográfica para empresas públicas e privadas que buscam o conhecimento e controle das mesmas.

(Por Flavia Bernardes. Século Diário, 24/06/2010)


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