Para surpresa de muitos, os países desenvolvidos não são os que mais exportam, nem os que mais importam. O crescimento tanto da demanda como da oferta, no comércio internacional, é decorrente dos países em desenvolvimento cuja população ao sair do limiar da pobreza absoluta passa a consumir.
Contudo, esse crescimento enfrenta condicionantes como a alta de preços dos alimentos, a crise energética, o aquecimento global e o estresse hídrico. Nesses três aspectos a importância da Amazônia é fundamental.
Mesmo sem inclusão de novas terras, a produção agrícola brasileira, se feita de maneira sustentável, garante produção de alimentos suficiente para o abastecimento da demanda atual e futura, por várias décadas. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA realizou estudos em que ficou demonstrado que o manejo sustentável aumenta em 7 vezes a produtividade do solo.
As usinas hidrelétricas em construção na área do rio Xingu e do rio Madeira, bem como a extração de oleaginosas prometem mitigar a falta de energia sem sujar a matriz energetica brasileira que atualmente tem aproximadamente 50% de fontes renováveis (biomassa, etanol, hidreletricidade).
A capacidade de seqüestro de carbono da floresta em pé é um diferencial para o controle do aquecimento global. Além disso, as presentes mudanças climáticas já demandam novas tecnologias para conseguir adaptar a produção agrícola a esse novo clima e no futuro essa demanda tende a crescer exponencialmente.
O estresse hídrico enfrentado por grande parte da população humana também pode ser enfrentado com a exportação direta ou indireta (via produtos agrícolas) dos recursos hídricos da região mais úmida do Brasil.
O diferencial da Embrapa em biotecnologia e em agricultura sustentável, já reconhecido mundialmente, deve ser explorado e incentivado de modo a consolidar o papel protagonista brasileiro.
O Brasil inicia o milênio reconhecido internacionalmente como potência emergente. Para garantir seus interesses precisa de uma política coordenada, em que todos os ministérios cooperem para superar a escassez de combustível, a ameaça de fome, o estresse hídrico e o desequilíbrio entre o ritmo de consumo de recursos naturais e a respectiva renovação.
A busca da sustentabilidade deve ser o objetivo de longo prazo de todas as políticas públicas. Pois o Brasil só tem a ganhar tanto em termos de país possuidor de recursos naturais como em termos de desenvolvedor e exportador de tecnologia limpa.
(Por Danielle Denny*, Texto encaminhado por E-mail ao Ambiente JÁ, 23/06/2010)
participante do Projeto Repórter do Futuro, módulo “Descobrir a Amazônia, Descobrir-se Repórter”, .