Empresa recua e retira o pedido de liberação do arroz transgênico. Pelo menos por enquanto, o tradicional arroz com feijão do brasileiro está a salvo.
A Bayer CropScience retirou hoje o pedido de plantio e venda do arroz transgênico Liberty Link (LL62) à Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). Com isso, fica suspensa, pelo menos por enquanto, a entrada da variedade geneticamente modificada no mercado brasileiro. O anúncio da decisão ocorrerá oficialmente amanhã durante a plenária da CTNBio, a ser realizada em Brasília.
Há mais de 15 meses em pauta, a liberação do arroz transgênico LL62 é um pedido da Bayer, empresa química alemã que produz farmacêuticos, agrotóxicos e sementes transgênicas, entre outros. Se fosse aprovado, o Brasil seria o primeiro país do mundo a produzir e consumir arroz transgênico.
“Tentar empurrar uma variedade transgênica goela abaixo do brasileiro é um desrespeito. Ninguém quer esse arroz”, afirma Iran Magno, coordenador da campanha de transgênicos do Greenpeace Brasil. Até hoje não foram apresentados estudos que garantam a segurança da saúde humana, da biodiversidade e do ambiente com a introdução dessa variedade.
A Bayer divulgou em seu site uma nota esclarecendo a retirada. Alegou a “necessidade de ampliar o diálogo com os principais integrantes da cadeia de produção no Brasil”. Bem sabemos que, na realidade, os produtores não mudaram a sua posição inicial contrária a variedade.
Em audiências públicas anteriores, promovidas pela CTNBio, a posição dos produtores era clara e pesquisadores da Embrapa também apontavam que a variedade não traria vantagem alguma. A Federarroz, entidade que representa produtores de arroz do Rio Grande do Sul, que produzem cerca de 70% do arroz brasileiro, ressaltou que o arroz transgênico representa um risco para as exportações brasileiras. A Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) também se posicionou contrária.
“Do jeito que a Bayer se esforça para aprovar esse arroz, mesmo com toda a controvérsia envolvida, eles podem colocar o pedido de novo na pauta da CTNBio. Vamos acompanhar de perto”, completa Iran.
O histórico da Bayer com o arroz geneticamente modificado não é dos melhores. Três variedades de arroz transgênico cultivadas em campos experimentais contaminaram, em 2006, os estoques nos Estados Unidos, com impacto negativo na indústria de arroz americana, que viu os mercados internacionais fecharem as portas para o seu produto.
(Greenpeace Brasil, 23/06/2010)