O início desta semana foi marcado por persistentes manifestações contra a visita do Presidente Lula a Altamira, no Pará, região Norte do Brasil. Nesta terça-feira (22), centenas de ribeirinhos, indígenas, ambientalistas, membros de movimentos sociais, estudantes e demais atores sociais contrários à construção da hidrelétrica Belo Monte se reuniram para manifestar descontentamento com a atitude "ditatorial" do Presidente.
"A manifestação de ontem foi realizada para passar um recado para o Lula. Acredito que nós conseguimos mostrar que não estamos satisfeitos com a construção de Belo Monte", esclareceu Michel Alves, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), fazendo referência ao bloqueio, realizado nas primeiras horas de ontem (21), por cerca de 400 manifestantes na rodovia Transamazônica.
Na manhã de hoje, por volta das 8 horas, as mobilizações recomeçaram. Os manifestantes se concentraram na Praça do Matias, na orla do cais de Altamira, de onde seguiram em caminhada para o Estádio Bandeirão, local em que o presidente Lula esteve presente para lançar os projetos de asfaltamento da Transamazônica, o programa Luz para Todos e a hidrelétrica de Belo Monte.
"Hoje, a maior parte dos manifestantes foi impedida de entrar no estádio. É muito triste uma situação dessas, pois prova que o governo do Estado do Pará e o governo Lula não querem nos escutar. Para nós Lula é um covarde, que está impondo uma ditadura, pois não escuta a população, mas apenas alguns grupos que estão a favor da construção da hidrelétrica", desabafa Michel.
Durante a programação promovida no Estádio, uma situação chamou a atenção. Um representante dos povos indígenas do Xingu entregou uma carta ao presidente Lula manifestando a vontade do seu povo de que hidrelétrica fosse construída.
De acordo com Michel, algumas lideranças estão sendo cooptadas e compradas para repassar às autoridades e ao mundo uma imagem distorcida do que os povos do Xingu realmente querem. "Os caciques estão contra Belo Monte", garante.
Após o fim das atividades no Estádio Bandeirão e com a partida do Presidente, os manifestantes retornaram para casa. A visita de Lula foi apenas mais uma oportunidade de mostrar a total insatisfação com a realização de um projeto que passou por cima dos interesses do povo e desrespeitou a legislação ambiental.
"As manifestações por hoje estão encerradas, mas nós estamos voltando para casa com a intenção de já começar a planejar novas lutas e ações", assegura Michel.
(Por Natasha Pitts, Adital, 23/06/2010)