A maioria das casas localizadas no bairro São Mateus, em Cuiabá, é coberta por telhas fabricadas com amianto. Porém, muitos moradores desconhecem os possíveis efeitos da matéria-prima sobre a saúde e o meio ambiente.

“Minha casa sempre foi coberta com estas telhas, nunca ouvi falar que faz mal para a saúde”, comentou a dona-de-casa Eliana Ramos, 38 anos. “O problema é que no calor a casa fica mais quente e, no frio, mais gelada”, contou.

Eliana Ramos lembrou que o São Mateus foi criado há 30 anos e, desde então, as residências possuem o telhado com telhas fabricadas a partir da fibra mineral. “É mais barato. A folha custa uns R$ 6”, observou.

Mas o amianto já foi banido dos Estados Unidos e de quase toda a União Européia. No Brasil, sua utilização ainda é permitida, mas o Congresso Nacional tem um projeto para que ela diminua progressivamente e seja totalmente abolida.

De acordo com o gerente comercial Roberto Lazzaroto, embora ainda não exista uma lei específica proibindo o uso da matéria prima, tanto a comercialização como a fabricação de materiais fabricados a partir da fibra mineral diminuiu muito.

“Não trabalhamos com caixa d’agua de amianto há uns cinco anos”, observou. “Em termos comerciais não interferiu muito porque os materiais que substituem o amianto são de melhor qualidade e com custos equivalentes”, acrescentou.

No início desta semana, a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados adiou, em razão de pedido de vista, a votação do relatório final do grupo de trabalho criado para diagnosticar as implicações do uso do amianto.

Após o pedido de vista conjunto dos deputados Fernando Gabeira (PV-RJ), Fernando Marroni (PT-RS) e Ricardo Tripoli (PSDB-SP), o relatório deverá ser votado na próxima reunião ordinária da comissão, prevista para hoje. O relator do grupo e líder do Partido Verde, deputado Edson Duarte (PV-BA), apresentou parecer favorável à eliminação do amianto na cadeia produtiva brasileira.

O amianto é uma fibra encontrada em estado bruto na natureza. Por ser resistente a altas temperaturas, foi muito usado em pastilhas e lonas de freio, mas seu uso mais comum é em telhados. Ao ser manipulado, o amianto solta fibras no ar que são absorvidas na respiração e provocam doenças como a asbestose e o câncer de pulmão.

(Diário de Cuiabá, 23/06/2010)