Na próxima quinta-feira (24), as atenções de ambientalistas e produtores de arroz estarão voltadas para a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). Neste dia, membros da CTNBio poderão votar a favor ou contra o plantio e o consumo do Arroz Liberty Link LL 62, cereal transgênico resistente ao herbicida glufosinato de amônio.
De acordo com documento divulgado por diversas organizações e entidades sociais, tal arroz, desenvolvido pela empresa Bayer, ainda não foi aprovado por nenhum país. "O arroz não é plantado nem consumido em nenhum país. A população do Brasil poderá virar cobaia mundial de um produto que não foi aprovado em nenhum outro lugar", destaca Gabriel Fernandes, integrante da Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa (AS-PTA).
Segundo Fernandes, amanhã (23), a CTNBio inicia uma reunião sobre o assunto e, provavelmente, já na quinta-feira será levado à votação em plenário. Para ele, é importante que o governo se posicione contrário a liberação do arroz. "É praticamente certo que, quando colocado em votação, eles [integrantes da CTNBio] vão aprovar", comenta.
Por conta disso, Fernandes comenta que, durante essa semana, as organizações irão acompanhar as reuniões da Comissão e pressionar o Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS), instância acima da CTNBio, a emitir um posicionamento sobre o assunto. "O Conselho tem mais poder do que a CTNBio, mas está de costas para essa questão. Cobramos uma postura mais firme do Governo e do Conselho", demanda.
Conforme o documento assinado pelas entidades sociais, até mesmo produtores e Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Arroz e Feijão já expressaram opinião contrária à liberação. Em audiência pública realizada no ano passado, Flávio Breseghello, integrante da Embrapa Arroz e Feijão, revelou que a empresa não é a favor do arroz LL 62.
"Em audiência pública, o pesquisador Flávio Breseghello, da Embrapa Arroz e Feijão, apresentou a posição oficial ‘autorizada pela presidência’, frisando que a empresa não é contra os transgênicos e nem contra a modificação genética do arroz, mas que neste caso o produto da Bayer ‘agravará os problemas já existentes’", ressalta o comunicado das organizações sociais.
Segundo o integrante da AS-PTA, além da questão de produção, a preocupação em torno da liberação do arroz transgênico também é por conta do consumo. "O arroz é o alimento básico do brasileiro", comenta.
De acordo com ele, o arroz LL 62 trará consequências para as pessoas porque, resistente ao agrotóxico, o cereal não morrerá, mas absorverá o veneno. "Vamos consumir um alimento com nível de resíduo que não sabemos quanto é", afirma, destacando que o glufosinato de amônio é tóxico para mamíferos. "O arroz transgênico não vai trazer benefício para o ambiente, para o produtor, nem para o consumidor", resume.
Além de AS-PTA, outras 33 entidades e organizações sociais assinam o documento, o qual está disponível em: http://www.aspta.org.br/por-um-brasil-livre-de-transgenicos/documentos/arroz-transgenico-2013-entenda-o-que-esta-em-jogo
(Por Karol Assunção, Adital, 23/06/2010)