As perdas bilionárias em operações de derivativos cambais que levaram a Aracruz Celulose ao maior prejuízo de sua história continuam repercutindo no mundo financeiro. De acordo com informações do jornal “Valor Econômico”, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ampliou o rol de acusados pelas perdas de US$ 2,1 bilhões. Entre os novos investigados está o atual presidente da Fibria (resultante da fusão entre Aracruz e a VCP), Carlos Augusto Lira Aguiar.
Segundo a publicação, o entendimento inicial da comissão antitruste sobre o caso é que o executivo Isac Zagury, diretor financeiro à época das perdas, não tem responsabilidade exclusiva pela lesão. Nessa segunda-feira (21) encerrou-se o prazo para dez executivos e altos funcionários da Aracruz apresentarem suas defesas à comissão.
Após apresentar suas defesas, os acusados podem deixar o processo ir a julgamento, quando será decidido se são culpados ou inocentes, ou podem propor uma acordo. O encerramento do caso ficaria condicionado ao pagamento de uma quantia para selar um termo de compromisso com a CVM.
De acordo com a publicação, não há prazo para o órgão marcar o julgamento. Entretanto, o termo de compromisso – uma espécie de delação premiada – só pode ser solicitado em até 30 dias após apresentação da defesa.
Apesar da participação no episódio, o executivo cearense Carlos Aguiar foi escolhido para continuar no comando da empresa após a fusão com o grupo Votorantim. Carlos Aguiar preside a Aracruz desde 1998 e surfou no bom momento das commodities com alta nos preços e demanda internacional, além dos projetos de expansão do parque industrial no Espírito Santo.
No Espírito Santo, o prestigio do executivo segue em alta. Carlos Aguiar será homenageado pela Assembleia Legislativa com o título de cidadão espíritossantense por indicação do deputado estadual Cacau Lorenzoni (PP).
No terceiro trimestre de 2008 com o agravamento da crise financeira internacional, a Aracruz sofreu perdas de US$ 2,1 bilhões em operações com derivativos de câmbio com a maxidesvalorização cambial no período. Isto é, a transnacional fez uma opção de fechar contratos segurando o preço do câmbio em baixo valor em um até então cenário de real forte frente ao dólar.
(Por Nerter Samora, Século Diário, 22/06/2010)