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indústria do cigarro câncer
2010-06-23 | Tatianaf

À primeira vista, pode parecer um recuo pouco expressivo, mas na avaliação da psicóloga da Divisão de Controle do Tabagismo do Instituto Nacional de Câncer (Inca), Cristina Perez, os dados apresentados pelo Ministério da Saúde sobre redução do número de fumantes no Brasil são significativos. Segundo a pesquisa, de 2006 a 2009, o percentual de dependentes de nicotina na população caiu de 16,2% para 15,5%. O levantamento faz parte da pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), que entrevistou 54 mil adultos.

- É significativa, porque vemos que todos os anos está havendo redução. Uma redução gradativa, que tem se apresentado tanto entre homens quanto em mulheres.

Para Cristina, a queda está relacionada às medidas encampadas pelo Ministério da Saúde, como a polêmica advertência nos maços de cigarro.

-Sabemos que advertência com fotos é mais eficaz para estimular uma diminuição na iniciação. Sei que é polêmico, mas estudos demonstram que ela tem que ser agressiva para atingir o objetivo.

A psicóloga faz um alerta às iniciativas adotadas pela indústria do tabaco que, diante das restrições impostas em relação à propaganda do produto, investe na apresentação das embalagens e dos pontos de venda. Outra artimanha , segundo ela, é colocar os maços para comercialização, perto de balas e chocolates.

-Noventa por cento dos fumantes começam a fumar antes dos 19 anos de idade. Então, há uma tentativa de captar esse jovem, adolescente para que comece a fumar cada vez mais cedo e que escolha a marca delas. Sabemos que a grande maioria dos fumantes é fiel à marca.

Confira a entrevista

Terra Magazine - A pesquisa do Ministério da Saúde mostrou que de 2006 a 2009, o percentual de fumantes na população caiu de 16,2% para 15,5%. A senhora considera a queda significativa?
Cristina Perez - É significativa, porque vemos que todos os anos está havendo redução. Uma redução gradativa que tem se apresentado tanto entre homens quanto em mulheres.

O uso do tabaco no Brasil vem entrando em declínio há mais de duas décadas, conforme o Ministério da Saúde. Em 1989, 33% da população fumava, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição, realizada pelo IBGE. A que senhora atribui essa queda gradativa no número de fumantes?
Até hoje, no Brasil, não há nenhuma pesquisa que tenha determinado um fator. O que analisamos é que, desde a década de 80, o Ministério da Saúde tem determinado algumas medidas, não só de controle do tabagismo, como tem desenvolvido programas de controle do tabagismo. Entre as medidas, temos a advertência nos maços de cigarros.

Na sua avaliação, a advertência mais impactante sobre os efeitos do cigarro nos maços é eficiente? A medida já foi muito questionada.
Há estudos que comprovam que, não só por ser impactante, mas o fato de ter imagem - O Brasil foi o segundo país a adotar imagens nas advertências- influencia. Ter o telefone do "Disque-saúde", "Pare de Fumar",também é uma outra iniciativa que oferece o apoio, o suporte para a cessação do ato de fumar através do telefone ou o encaminhamento do fumante para um posto de saúde mais próximo. O oferecimento do tratamento gratuito na rede do Sistema Único de Saúde também é importante. Há ainda as iniciativas de leis para que ambiente público e fechado fiquem livres da fumaça do cigarro. Estamos na batalha para aprovar lei federal, mas já temos iniciativas locais. Isso também promove um estímulo para o fumante deixar fumar.

Na sua opinião, esse tipo de iniciativa, que também é polêmica, atinge o efeito esperado?
Polêmica, porque sabemos que há outro lado que não é favorável a essas medidas, que é a indústria do tabaco. A gente lida com estudos científicos, publicados em revistas de renome. Então, sabemos que advertência com fotos é mais eficaz para estimular uma diminuição na iniciação. Sei que é polêmico, mas estudos demonstram que ela tem que ser agressiva para atingir o objetivo. No Brasil, há restrição da publicidade aos pontos de venda do cigarro, que foi outra medida importante. Quando não há mais propaganda na televisão, na revista e em outros locais, a indústria começa a direcionar toda a promoção do produto dela para o maço. O maço, normalmente, não é descartado depois de consumido o produto. Durante várias horas no dia, o fumante expõe esse maço para as pessoas. Aquilo é uma forma de comunicação do produto. Então, a indústria se utiliza dessa embalagem para passar uma imagem de que o cigarro não faz mal.

Na sua opinião, então, a restrição na propaganda fez a indústria do tabaco redirecionar o foco, investindo mais na embalagem do produto.
Na embalagem e na exploração dos pontos de venda, que é o único local onde a propaganda é permitida. Vemos pontos super bem trabalhados, com imagens atraentes. Um fator importante: eles não colocam, por acaso, cigarros perto das balas, chocolates. Há estudos que comprovam que isso acontece no mundo inteiro. Por quê? Noventa por cento dos fumantes começam a fumar antes dos 19 anos de idade. Então, há uma tentativa de captar esse jovem, adolescente para que comece a fumar cada vez mais cedo e que escolha a marca delas. Sabemos que a grande maioria dos fumantes é fiel à marca.

A senhora falou que 90% começam a fumar antes dos 19 anos. Amanhã, entra na pauta da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado, proposta que proíbe fabricar, vender e anunciar produtos e embalagens - destinados ao público infanto-juvenil - reproduzindo a forma de cigarros e similares. Na opinião da senhora, esse tipo de ação ajuda a evitar que gerações futuras se tornem fumantes?
Sem dúvida nenhuma. Na verdade, é o conjunto dessas medidas que vai fazer com que o comportamento mude, fazer com que fumar deixe de ser um comportamento socialmente aceito. Acho que é exatamente isso que buscamos. Há 20 anos, fumar dentro de um ônibus, repartição pública era normal. Agora, por exemplo, você não vê mais gente fumando em avião. Parece que nunca aconteceu. Antigamente, as pessoas não tinham tanto conhecimento, não sabiam dos prejuízos do tabagismo passivo. Uma grande parcela da população fumava. Hoje é uma minoria. Não que ela não seja importante, porque tabagismo é uma doença, uma dependência química, temos que acolher as pessoas, mas não podemos achar que é socialmente aceito.

De acordo com a pesquisa do Ministério da Saúde, 19% dos homens e 12,5% das mulheres fumam. Por que a prevalência entre homens?
Isso é uma curva que vemos em todos os países. Normalmente, o homem fuma mais. O cigarro começou a ser disseminado entre os homens na Segunda Guerra Mundial. Quando eles voltaram da guerra, a indústria falou: "tem muito homem fumando, mas mulher não". Com a entrada da mulher no mercado de trabalho, ela adquiriu alguns comportamentos, nem todos positivos, como o tabagismo. Está aumentando, por exemplo, o número de meninas que experimentam cigarro. É maior do que o de meninos. Isso é um esforço da indústria para tentar pegar esse público. Na medida em que a mulher entra no mercado de trabalho, tem a dupla, tripla jornada de trabalho, ela começa a ficar mais ansiosa e o cigarro entra, como aquelas propagandas que hoje não temos mais, como um momento relaxante, de tranquilidade. A indústria tem investido muito pesado nas mulheres. Há um cigarro, lançado recentemente, que tem flores no maço e é direcionado para as mulheres, na verdade, para as meninas.

A pesquisa mostrou também que a maior queda no uso do cigarro no País ocorreu na faixa etária dos 35 aos 44 anos. Em 2006, 19% da população nessa idade era dependente do tabaco. Em 2009, a proporção de fumantes era de 15,1%. É nessa faixa etária que começam a aparecer algumas doenças ou algumas reclamações, como falta de ar, cansaço. Como começam a fumar em torno dos 15 anos de idade, são sintomas que aparecem com 20 anos de uso do tabaco. É importante dizer que em torno de 50 doenças têm relação com o tabagismo. De asma a infarto e câncer de pulmão. Noventa por cento dos cânceres de pulmão são ocasionados pelo uso do tabaco. Trinta por cento das doenças cardiovasculares são ocasionadas pelo uso do tabaco. Segundo pesquisa, lançada no ano passado, aqui, pelo Instituto Nacional de Câncer, sete pessoas morrem por dia, devido ao tabagismo passivo.

(Terra Magazine, 22/06/2010)


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