Uma chuva de granizo abafou os aplausos no exato momento em que se encerrou o ato simbólico de inicio das obras da Usina Cerro Chato, a primeira que vai produzir energia eólica no pampa riograndense.
Como se fossem o sinal dos “novos tempos”, mencionados em todos os discursos, as pedrinhas brilhantes, que se acumularam no assoalho da tenda improvisada para o evento, também receberam uma calorosa salva de palmas.
O entusiasmo tinha motivos. O parque eólico que a Eletrosul começa a construir no município é o primeiro grande projeto que se concretiza em Santana do Livramento, depois de décadas em que os principais empreendimentos da cidade se frustraram.
Em qualquer conversa na cidade são lembrados os grandes naufrágios – do Lanifício Albornoz, Swift Armour, Cooperativa de Arroz, Coperativa de Lãs, Cooperativa de Carnes…Também é recorrente o êxodo santanense, provocado por milhares de jovens que deixam a cidade a cada ano em busca de oportunidades.
Para implantar a usina serão aplicados R$ 400 milhões.Isso inclui desde abertura de estradas e acessos, a instalação das torres e seus cataventos, até uma linha de transmissão para levar a energia eólica até a rede da CEEE.
Nesta segunda-feira, 21, a prefeitura já abre inscrições para selecionar os primeiros 300 operários para trabalhar nas obras, que começam em 30 dias. O prefeito Wainer Machado diz que já tem 1.500 trabalhadores capacitados para as novas oportunidades de trabalho que vão surgir.
Em 2011, quando começaram e girar os 45 cataventos gigantes, produzindo 90 megawatts/ano de energia elétrica, a usina vai pagar royalties aos proprietários dos campos onde estão instaladas as torres e reforçar os cofres da prefeitura com um acréscimo de pelo menos 5¨% na receita de impostos.
Além disso, com suas torres de 108 metros de altura em pleno pampa, o parque eólico será outro atrativo turístico para a cidade que já recebe milhares de pessoas por conta do free-shop de Rivera, a cidade uruguaia geminada com Livramento.
(Jornal JÁ, 21/06/2010)