A descoberta de três rinocerontes-de-java mortos, um dos mamíferos mais ameaçados de extinção, levou grupos conservacionistas a aumentarem nesta segunda (21) a segurança em um santuário da espécie na Indonésia.
Existem apenas 50 indivíduos selvagens da espécie, quase todos vivendo em um parque nacional no oeste da Indonésia. Para aumentar suas chances de sobrevivência, ambientalistas discutem a possibilidade de espalhar os animais pelo país.
Secas e a proximidade de um vulcão ativo na densa floresta do parque Ujung Kulon aumentam ainda mais o receio de que um desastre natural possa destruir a população de uma vez só. No Vietnã, único outro país onde essa espécie é encontrada, restam apenas quatro indivíduos.
O rinoceronte-de-java, que era uma das espécies mais difundidas de rinocerontes na Ásia, é hoje a mais ameaçada das cinco existentes. A espécie foi quase extinta em 1883, quando o vulcão Cracatoa entrou em erupção, gerando um tsunami de 40 metros que matou 37 mil pessoas e inundou mais de cem vilas, incluindo a região do parque Ujung Kulon.
Hoje, a maior ameaça a espécie vem da caça ilegal, destruição de habitat e competição por comida com outras espécies. Chifres de rinocerontes são um ingrediente popular na medicina tradicional chinesa. Cada chifre é vendido por milhares de dólares no mercado negro. Além disso, um estação seca prolongada no oeste do país secou algumas fontas de água para os animais.
Os três rinocerontes mortos foram vítimas de fome e da caça. Para tentar evitar mais mortes, uma cerca elétrica de 12 quilômetros está sendo instalada ao redor do santuário, e alguns dos animais serão realocados para a ilha de Sumatra.
Antes dos anos 60, havia apenas 20 rinocerontes na região do parque, mas os números subiram para 50 animais nos anos 90 com a ajuda do Fundo Mundial para a Natureza (WWW, na sigla em inglês).
(Folha.com, 21/06/2010)