A União Europeia está enfrentando a carência de 14 matérias primas “críticas” necessárias para a fabricação de telefones celulares e para o desenvolvimento de tecnologias emergentes, como painéis solares e combustíveis sintéticos, segundo um estudo realizado pela Comissão Europeia que seria divulgado na quinta-feira (17/06).
A comissão está soando os alarmes devido a essa falta de matérias-primas, em um momento em que a China pretende aumentar mais uma vez o controle sobre os seus metais de terras raras, permitindo que apenas umas poucas companhias estatais supervisionem a mineração desses elementos escassos.
Os 14 materiais – que fazem parte de uma lista de 41 minerais e metais analisados pela comissão – que foram identificados são antimônio, berilo, cobalto, fluorita, gálio, índio, germânio, grafite, magnésio, nióbio, metais do grupo da platina, terras raras, tântalo e tungstênio. Reportagem de James Kanter, no International Herald Tribune.
O estudo revelou que um dos motivos fundamentais para a carência é o fato de a produção desses minerais estar concentrada em apenas quatro países: China, Rússia, Congo e Brasil.
O estudo ressaltou que os mercados para tais materiais poderá tornar-se extremamente volátil porque “a rápida difusão de novas tecnologias pode modificar drasticamente a demanda por matérias-primas críticas”.
De acordo com o estudo, a demanda pelo elemento gálio para uso em tecnologias poderá chegar a 603 toneladas em 2030. Atualmente, a produção total de gálio é de 152 toneladas anuais. E a demanda pelo elemento neodímio, um metal de terras raras encontrado na China, poderá chegar a 27,9 mil toneladas em 2030, contra as 16,8 mil toneladas atualmente extraídas.
Para tentar resolver o problema, a comissão propôs que a União Europeia aperfeiçoe as suas políticas de reciclagem, desenvolva produtos que exijam uma quantidade cada vez menor de matérias-primas e encorajem pesquisas para a busca de substitutos desses materiais.
Mas a comissão também atribuiu a carência à forma como as economias emergentes utilizam políticas relativas a comércio, tributação e investimentos com o objetivo de reservar as suas bases de recursos naturais para o seu uso exclusivo.
“Nós necessitamos de um jogo justo nos mercados externos”, escreveu em uma declaração que seria entregue na quinta-feira em uma conferência na Espanha o comissário de Empreendimentos da União Europeia, Antonio Tajani.
“O nosso objetivo é assegurar que a indústria europeia seja capaz de continuar desempenhando um papel de liderança na área de novas tecnologias e inovações, e nós temos que garantir que contemos com os elementos necessários para alcançarmos essa meta”, afirmou Tajani na sua declaração.
O estudo recomendou ainda que a União Europeia “avalie os méritos de buscar iniciativas para chegar a acordos quanto a litígios” na Organização Mundial do Comércio (OMC) porque “tais ações poderão fazer com que surjam importantes processos legais”.
(EcoDebate, 21/06/2010)