Ao lado do presidente do Peru, Alan García, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta quarta-feira (16) a construção de um discurso único pelos países amazônicos para ser apresentado na próxima reunião de cúpula sobre o combate ao aquecimento global, a COP 16.
Para Lula, a iniciativa é necessária para evitar que países ricos imponham barreiras ao crescimento dos países em desenvolvimento. A COP16 será realizada no México entre 29 de novembro e 10 de dezembro.
"Os países amazônicos têm que construir um discurso único para chegar a Cancún em dezembro e fechar uma proposta", afirmou Lula a jornalistas em Manaus, no Amazonas.
"Penso que nós precisamos fazer uma unidade de integração sul-americana e chegar na COP16 muito fortes para a gente aprovar uma política ambientalmente mais correta", disse ele.
Lula argumentou que os países amazônicos precisam ter cuidado com o discurso de alguns países ricos, que pretendem impedir a construção de usinas hidrelétricas na região como forma de incentivar a venda da tecnologia para gerar energia nuclear. O presidente lembrou que fontes alternativas a essas duas opções são ainda mais poluentes: as usinas térmicas a óleo ou carvão.
"A questão do clima tem que ser levada a sério e nós temos que fazer as coisas corretas, mas a gente não pode ficar à mercê dos discursos dos países que já desmataram tudo que tinham que desmatar, já ganharam tudo que tinham que ganhar, já estão ricos e agora não querem que a gente fique rico", acrescentou.
Agricultura familiar
Já nesta quinta-feira (17), Lula disse que seu governo precisa definir o destino que será dado às reservas ambientais do país para garantir que as pessoas que vivem nesses locais ganhem dinheiro por protegerem o meio ambiente. Segundo ele, a iniciativa evitaria o desmatamento dessas reservas.
"É transformar as reservas numa fonte não apenas de preservação, mas numa fonte de ganha pão para quem toma conta dessa reserva", disse ele durante a sétima edição da Feira Nacional da Agricultura Familiar e Reforma Agrária, que ocorre em Brasília.
No evento, o presidente também lançou o Plano Safra da Agricultura Familiar para 2010 e 2011, que contará com R$ 16 bilhões em crédito para custeio da produção, investimentos e comercialização.
(Reuters, Globo Amazônia, 17/06/2010)