Matéria-prima para todo o etanol produzido no Brasil, a cana-de-açúcar melhor se adapta a climas quentes, com estações de umidade média alternadas com períodos mais secos – o clima tipico dos trópicos. Seu plantio em terras amazônicas não é nem discutido no meio científico, mas ao mesmo tempo o aumento da área de seu cultivo pode expulsar outras culturas pra terras amazônicas. Dentre as alternativas para amenizar os impactos está o aumento de produtividade de cada planta, o que é bastante possível.
Atualmente a indústria brasileira de cana-de-açúcar aproveita apenas a sacarose presente no colmo da planta para produzir álcool. O cientista Marcos S. Buckeridge, pesquisador do Instituto de Biociências da USP, afirmou que a celulose presente no bagaço e na palha da cana tem um potencial energético duas vezes maior que o açúcar do colmo.
O chamado etanol celulósico ainda é apenas teórico, há diversas dificuldades para quebrar a molécula de celulose e fermentar os sacarídeos resultantes. Mas não só sua concretização poderia frear a expansão territorial das plantações, como o atual projeto inclui melhor aproveitamento também da água e gás carbônico presentes na cana-de-açúcar. Plantas criadas com alta concentração carbônica têm uma crescimento acelerado e chegam à idade adulta com até 60% a mais de biomassa)
Outra opção é o chamado “caminho do meio”, que associa o cultivo canavieiro à plantação de matas ciliares, com implantação de vegetação nativa no meio das plantações. A técnica refloresta áreas devastadas e ajuda na recuperação da biodiversidade.
Seja qual for a solução – melhor se as duas forem combinadas -, Buckeridge afirma que o Brasil é líder mundial na pesquisa em energia limpa e já se procuram plantas para geração de energia verde na Amazônia, como o mata-pasto, que tenham baixo impacto ambiental. Mas crê que as hidrelétricas, atualmente, ainda sejam a melhor solução energética para a área.
(Por Eduardo Santos Nascimento, especial para o Ambiente JÁ, 17/06/2010)