A suspensão por 60 dias do bloqueio à ponte internacional General San Martín, que liga a Argentina ao Uruguai, dará uma trégua ao protesto que ambientalistas realizam contra a instalação da fábrica de pasta de celulose UPM, ex-Botnia, na região.
O bloqueio, que já ocorre há cerca de quatro anos, será encerrado no próximo sábado às 13h locais (mesmo horário em Brasília) e permitirá que os governos de Cristina Fernández de Kirchner, da Argentina, e José Mujica, do Uruguai, negociem um mecanismo de monitoramento conjunto da empresa.
A decisão de interromper o protesto foi tomada na noite de ontem pela Assembleia Ambiental de Gualegaychú, organização criada por moradores e ambientalistas da localidade argentina de mesmo nome que são contrários às atividades da UPM.
A fábrica de pasta de celulose opera desde 2007 na cidade uruguaia de Fray Bentos, que fica próximo ao rio Uruguai, o qual delimita a fronteira dos dois países. Os manifestantes acreditam que a empresa polui o rio.
O levantamento do bloqueio recebeu o respaldo de 402 membros da Assembleia, enquanto 315 votaram contra. Segundo a imprensa local, a decisão deve ser vista como um gesto de boa vontade com o governo argentino, já que este ameaçou processar os manifestantes após o juiz Gustavo Pimentel informar que existe um mandado judicial para que Buenos Aires garanta a livre circulação pela ponte.
Apesar de Omar Lafluf, o governador do departamento uruguaio de Río Negro, onde está localizado o município de Fray Bentos, repudiar uma monitoração conjunta, uma nota da Presidência demonstrou a disposição de José Mujica para encontrar uma solução para o caso.
A oposição à instalação da fábrica por ambientalistas e uma posterior acusação por parte de Buenos Aires de que Montevidéu teria violado o tratado que rege a fronteira ao permitir que o empreendimento atuasse na região ocasionou uma das piores crises diplomáticas entre os dois países.
O governo argentino levou o caso à Corte Internacional de Justiça, em Haia, na Holanda. Em sentença divulgada em abril, o tribunal anunciou que a fábrica não polui a região, como defendem os ambientas, mas que o tratado foi violado. No entanto, não foi aplicada nenhuma compensação como pena.
Após isto, os dois governos iniciaram negociações para acatar a sentença e solucionar o problema, sendo que o monitoramento conjunto das atividades da UPM poderia ser um dos meios para isso.
(ANSA, 17/06/2010)