Os setores de florestamento, celulose e papel passam por um importante momento de retomada. Depois de enfrentar entraves como a crise financeira mundial e o terremoto do Chile, que no caso da celulose elevou o preço da tonelada de US$ 450,00 para mais de US$ 900,00, empreendedores começam a delinear um panorama positivo para os segmentos. A barreira, no entanto, está na necessidade de implantação de uma legislação específica que abranja tanto os grandes como pequenos e médios empresários.
O tema foi a tônica de audiência pública na Comissão de Economia e Desenvolvimento Sustentável realizada ontem na Assembleia Legislativa do Estado. Deputados e representantes do setor se reuniram para debater as diretrizes que devem ser adotadas para o futuro, que tem previsão da abertura de 10 novas fábricas de celulose até 2020, fazendo com que atual produção de 14 milhões de toneladas ao ano supere a marca dos 20 milhões.
O presidente da Associação Gaúcha de Empresas Florestais (Ageflor), Leonel Menezes, lembra que a produção de celulose e papel não são os únicos focos das florestas plantadas. De acordo com ele, é preciso atentar a toda a cadeia produtiva que delas dependem, como os setores moveleiro e construção civil, que vêm crescendo principalmente em função de políticas de governo, a exemplo do Minha Casa, Minha Vida.
"Para as 700 mil casas construídas no programa, são necessárias portas, janelas, móveis e tudo isso requer madeira", diz. Uma base mais sólida para consolidação desses segmentos, conforme o dirigente, é alcançável se for implementado um marco legal para a atividade, que carece regulamentação.
Apesar de concordar com a disposição do governo em resolver os impasses dos setores em questão, o presidente do Sindimadeira-RS, Serafim Gabriel Quissino, relata que há dificuldade para os pequenos empresários em tocar o cultivo. Trabalhando em áreas de até 50 hectares de extensão, em média, os empresários enfrentam burocracia junto aos técnicos que inspecionam a viabilidade da instalação de florestas nas propriedades. "Os pequenos têm que sobreviver e estão sendo deixados de lado da discussão", alerta.
Em contrapartida, Carlos Boanova Andrade, representante da Secretaria do Desenvolvimento e Assuntos Internacionais do Estado (Sedai), frisou que a crise travou planos de investimento e a vinda de novas empresas do ramo para o Rio Grande do Sul, mas que o órgão mantém a preocupação com os serviços prestados. "Estamos trabalhando agora num diagnóstico florestal do Estado que será importante para sabermos o que temos plantado e o que se pode plantar".
(JC-RS, 17/06/2010)