Normalmente se vê as riquezas da Amazônia como fruto da evolução natural e toda ação humana como destruidora. Normalmente se tem uma visão equivocada. Afirma o arqueólogo Eduardo Góes Neves, pesquisador do Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da USP, que a “Amazônia é repleta de paisagens resultantes da atividade humana no passado”.
“Sempre teve gente morando na Amazônia”, diz Eduardo. Os registros mais antigos datam de cerca de 10 mil anos atrás, com uma grande diversidade de tribos habitando e se desenvolvendo na Floresta. “Os biomas da Amazônia têm uma história cultural tão rica quanto uma história natural”, o que se constata na grande quantidade de objetos encontrados em sítios arqueológicos e na existência de solos inexplicáveis somente pelas condições naturais.
Exemplo da quantidade de tribos é uma expedição realizada para a instalação de um gasoduto na Floresta. Somente na área que seria ocupada, Eduardo encontrou 22 sítios - de acordo com o ele, o difícil não é “achar sítios [arqueológicos], é saber o que fazer com eles”. Atualmente são conhecidos mais de 200 apenas na porção central da Amazônia, e o pesquisador afirma que há muito mais por ser descoberto.
A dificuldade para aumentar esse número está na falta de pessoal qualificado e dificuldade de acesso aos locais. Há poucos arqueólogos no Brasil, se comparados ao número necessário para pesquisar todo o território nacional. Uma das alternativas aplicadas é a educação da população local para reconhecer e preservar as relíquias descobertas por acaso.
(Por Eduardo Santos Nascimento, especial para o Ambiente JÁ, 16/06/2010)