O deputado Adão Villaverde (PT) é proponente do seminário “Reutilização social e destinação ambiental adequada ao lixo eletrônico”, aprovado na semana passada na Comissão de Economia e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa e que será realizado em abril, em data a ser definida. O principal objetivo do evento é conhecer melhor as experiências realizadas por entidades como a Rede Marista, que desenvolve reciclagem social de computadores e eletrônicos, além da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), que possui um banco de reciclagem com mais de 6.500 empresas cadastradas.
Conforme Villaverde, o seminário irá cumprir um papel estratégico para aprofundar o conhecimento, discutir e avaliar experiências de como estamos tratando a questão do reaproveitamento dos equipamentos eletrônicos no território do Rio Grande do Sul. Mas o grande marco deste seminário será, sobretudo, a possibilidade da criação de uma legislação estadual que trate sobre o destino final do lixo eletrônico.
Mais resíduos eletrônicos
A massificação de aparelhos eletrônicos, como computadores, televisores, celulares, câmaras digitais e eletrodomésticos, rapidamente substituídos por modelos mais avançados, está resultando em um grave problema ambiental, que é o crescente aumento do lixo eletrônico no Brasil. "Isto gera uma enorme quantidade de resíduos eletrônicos, cujo destino final não tem responsabilização", salienta Villaverde, conclamando representantes de governos nacional e estadual, entidades ambientais, de associações e de empresas eletroeletrônicas a debater saídas, no âmbito do Parlamento.
Estima-se que estão em uso, no Brasil, cerca de 160 milhões de telefones celulares e 60 milhões de computadores que logo serão tecnologicamente ultrapassados e se transformarão em resíduo eletrônico, produzindo lixo tóxico. De acordo com estudos do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), a maioria dos produtos contém substâncias tóxicas como polímeros anti-chamas (BRT), PVC e metais pesados, como mercúrio, chumbo e cádmio. No solo, contaminam o lençol freático e os mananciais que abastecem as populações. Também provocam doenças graves e distúrbios no sistema nervoso de catadores que sobrevivem da venda dos materiais coletados nos lixões. Podem ainda afetar os rins e o cérebro, além de provocar a morte por envenenamento.
"Assim, regulamentar sua destinação é condição urgente e necessária para que possamos continuar a nos beneficiar dos avanços da tecnologia de maneira sustentável, sem pagar um alto preço ambiental e à saúde da população", reforça o deputado, destacando que situação preocupante precisa ser tratada através da implementação de política pública determinando regras, procedimentos obrigatórios e ações sociais, para evitar um elevado ônus diante da omissão no controle do lixo eletrônico.
(Por André Pereira, EcoAgência, 16/06/2010)