A Eldorado Celulose, que tem entre os sócios os donos do frigorífico JBS, avalia estabelecer uma parceria para uma unidade de produção de papéis sanitários integrada à sua fábrica de celulose, que começará a ganhar vida nesta terça-feira.
"Uma fábrica de papel não alteraria o projeto da fábrica (de celulose)... Fomos procurados por empresas locais e internacionais", afirmou a jornalistas no final da tarde de segunda-feira o presidente da Eldorado e fundador da MCL Participações, outra sócia relevante da nova produtora de celulose, Mario Celso Lopes.
A Eldorado lança nesta terça a pedra fundamental de sua fábrica com capacidade de produzir 1,5 milhão de toneladas de celulose de eucalipto por ano em Três Lagoas, cidade do Mato Grosso do Sul que vem recebendo investimentos maciços de grandes empresas da indústria papeleira.
Lopes não divulgou os nomes das interessadas em uma eventual parceira, mas afirmou ser uma multinacional que já atua no Brasil e que outras empresas também procuraram a Eldorado. O prazo para uma decisão sobre uma sociedade na área de papel sanitário (tissue) não foi divulgado.
"Não existe nenhum compromisso", observou Lopes, destacando o forte crescimento do segmento de papéis sanitários no mercado brasileiro.
Entre as principais produtoras de tissue no país estão a norte-americana Kimberly-Clark e a Santher, de origem nacional.
Se concretizada, a parceira da Eldorado seria em moldes similares à da Fibria, que também possui uma fábrica de celulose em Três Lagoas integrada à uma unidade da International Paper (IP), mas para produzir no local 200 mil toneladas de papel de imprimir e escrever.
INVESTIMENTOS
Os investimentos totais previstos pela Eldorado em seu projeto, incluindo fábrica e florestas, serão da ordem de 4,8 bilhões de reais.
Segundo o diretor financeiro da Eldorado, Carlos Rosa, do valor total, cerca de 1 bilhão de reais virá de capital próprio da MCL Empreendimentos e da J&F, controladora da JBS. Outros 2,7 bilhões de reais deverão ser financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o restante de linhas internacionais de crédito.
O presidente da Eldorado não descarta pedir registro de companhia aberta na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para facilitar emissões de dívida pela empresa no mercado doméstico, como debêntures. "E negociar ações é uma coisa natural quando uma empresa atinge determinado porte", disse Lopes, sem dar mais detalhes.
As obras de terraplanagem começam nesta terça-feira, data em que o município de Três Lagoas completa 95 anos, e a previsão é de que as operações da fábrica de celulose tenham início no segundo semestre de 2012.
Para o escoamento da produção, a Eldorado estuda utilizar vias ferroviárias ou hidroviárias. Três Lagoas está localizada na divisa com São Paulo, próxima ao Rio Paraná.
Toda a celulose produzida pela Eldorado, caso não seja concretizada uma parceria para produção de papel, será voltada ao mercado externo, tendo a China como principal destino. "Já estamos estudando a abertura de escritórios pelo mundo, que estarão em operação antes da fábrica começar a operar", afirmou Lopes.
A madeira de eucalipto necessária para a produção da celulose virá de florestas plantadas pela Florestal Brasil, que tem a MCL Participações entre os sócios.
(Por Carolina Marcondes, Reuters/Brasil Online, 15/06/2010)