Um mapeamento realizado por pesquisadores do Centro Regional Sul do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CRS/Inpe), em Santa Maria (RS), aponta que a região Sul do país tem enfrentado períodos de estiagem com intensidade e frequência acima do normal.
Os pesquisadores do Núcleo de Aplicação e Pesquisa de Geotecnologias em Desastres Naturais e Eventos Extremos (Geodesastres) utilizaram imagens de satélites para mapear as áreas atingidas pela estiagem no Sul brasileiro no período de dezembro de 2000 a junho de 2009.
O levantamento aponta que, nos verões de 2005 e 2009, foram comprometidas por intensa estiagem áreas correspondentes a 187.726 km² e 198.857 km², respectivamente, o que corresponde a 33,3% e 34,3% da região Sul. Os resultados mostram que os estados do Paraná e do Rio Grande do Sul foram os mais afetados.
As imagens EVI (Enhanced Vegetation Index, ou Índice de Vegetação Melhorado), obtidas pelos sensores Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer (Modis), a bordo dos satélites Aqua e Terra, permitem identificar as variações no verdor da vegetação (estado de sanidade) causadas por eventos climáticos, como a estiagem.
Para a análise, foram utilizadas 392 imagens e gerados 196 mosaicos, considerando as quatro estações do ano. As imagens de anomalias de vegetação foram calculadas pelo índice de vegetação padronizado para cada estação do ano no período estudado.
Segundo o Inpe, os resultados da análise das imagens foram integrados com dados de precipitação média, por estação do ano e dados de índice de precipitação padronizada mensal.
O mapeamento realizado teve como objetivo propor uma metodologia para monitorar a ocorrência de estiagem na região Sul do Brasil utilizando imagens índice de vegetação melhorado.
Após testada a metodologia, o Núcleo Geodesastres está criando o Laboratório de Estiagem da região Sul do Brasil (LESul) com a colaboração do Departamento de Engenharia Rural da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no Rio Grande do Sul, com o objetivo de realizar pesquisas nessa área.
(Agência FAPESP, 14/6/2010)