Nações ricas e pobres criticaram igualmente o novo rascunho de um tratado mundial sobre o clima, depois de duas semanas de negociações que terminaram com passos modestos rumo ao desejado consenso.
O texto exclui algumas das opções mais severas de cortes de gases causadores do aquecimento global e eliminou todas as menções a "Copenhague", onde a cúpula de dezembro passado não chegou a um acordo.
"É com desânimo que nosso grupo vê que o texto está desequilibrado", afirmaram as nações em desenvolvimento, membros do G77 e da China, acrescentando que as 22 páginas ficaram sem muitas das propostas que o grupo havia feito num rascunho anterior, de 42 páginas.
Entre os países ricos, os 27 membros da União Europeia também expressaram "preocupação" sobre o texto, preparado por Margaret Mukahanana-Sangarwe, do Zimbábue. Ela afirmou que queria um debate formal completo sobre o rascunho apenas num próximo encontro em Bonn, que acontece no começo de agosto.
DEPOIS DO FRACASSO
Depois que a cúpula de Copenhague fracassou, muitos delegados disseram que um novo acordo legalmente vinculante não deve acontecer em 2010 e provavelmente só virá em 2011.
O novo texto traça o objetivo de cortar as emissões mundiais de gases-estufa "em pelo menos de 50% a 85% em relação aos níveis de 1990 até 2050". As nações desenvolvidas, por sua vez, teriam que fazer cortes de 80% a 95% no mesmo período.
O texto deixa de lado opções bem mais radicais, defendidas pela Bolívia, que falam em cortes de pelo menos 95% para as emissões mundiais em 2050 e advogam que os países ricos cortem emissões "em mais de 100% até 2040", o que significaria que eles deveriam plantar árvores de maneira a mais do que compensar o combustível que queimam.
Em Copenhague, mais de 120 nações assinaram um acordo que pedia a limitação do aumento das temperaturas médias globais a 2 ºC em relação à era pré-industrial. Mas o texto não tinha detalhes sobre como chegar a esse resultado.
Os delegados dizem que as conversas em Bonn levaram a progressos em alguns temas técnicos, como a proteção de pântanos que ajudam a estocar carbono, ou a respeito de maneiras de administrar novos fundos de ajuda, mas não nas disputas-chave entre ricos e pobres sobre cortes de emissões.
O novo rascunho mantém alguns elementos do Acordo de Copenhague, como o plano de levar ajuda rápida às nações em desenvolvimento, começando com US$ 10 bilhões anuais entre 2010 e 2012 e chegando a mais de US$ 100 bilhões em 2020.
(Reuters, Folha.com, 12/06/2010)