(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
exploração de petróleo
2010-06-11 | Tatianaf

A chegada de um consórcio petroleiro liderado por uma empresa sueca no sul do Sudão, em 1997, desatou uma guerra civil e crimes contra a humanidade, denunciou uma aliança de agências humanitárias europeias. A Coalizão Europeia sobre o Petróleo no Sudão (Ecos) cobrou dos governos da Áustria, Malásia e Suécia uma investigação sobre a possível cumplicidade do consórcio em crimes de guerra e contra a humanidade.

Em 1997, a companhia sueca Lundin Oil formou um consórcio com a Petronas Carigali Overseas, da Malásia, a OMV Exploration, da Áustria, e a estatal sudanesa Sudapet, e assinou um contrato com Cartum para realizar uma perfuração no Bloco 5A, no Estado Al Wahda. A área na época estava plenamente sob controle do governo sudanês, que lançou uma campanha para expulsar outros grupos armados. Isto desatou uma onda de violência, segundo o novo informe da Ecos, chamado “A Dívida não Paga”, que cobre o período entre 1997 e 2003.

O trabalho denuncia crimes de guerra e contra a humanidade na campanha para preparar o terreno para as companhias. “A exploração de petróleo teve um papel crucial nas atrocidades”, disse à IPS o coordenador da Ecos, Egbert Wesselink. Seu informe estima que 12 mil pessoas foram assassinadas ou morreram de fome ou por doenças relacionadas com a guerra. Muitas foram vítimas de violações ou torturas, foram perdidas meio milhão de cabeças de gado e cerca de 200 mil moradores foram retirados à força.

As empresas deviam saber dos abusos, mas continuaram trabalhando com o governo e seu Exército”, disse Wesselink, que agora cobra dos respectivos governos que investiguem se as empresas foram cúmplices dos crimes. “Especificamente, levamos este caso aos governos sueco e austríaco, já que reconheceram seus compromissos com o Completo Acordo de Paz do Sudão”, acrescentou. Esse tratado, de 2005, estabelece compensações para a população pela exploração petroleira. “A promessa continua sem cumprimento, até agora”, ressaltou.

“Primeiro foram os bombardeios aéreos, que duraram vários dias”, recordou o reverendo James Koung Ninrew, secretário-geral de um conselho regional pela paz. Os moradores de sua localidade, Koch, em Al Wahda, morreram ou fugiram. “Depois, forças terrestres chegaram para supervisionar, matando a população restante e incendiando as aldeias. No final, declararam a área segura, e, então, chegaram as companhias de petróleo”, acrescentou.

O consórcio não esteve diretamente envolvido nas atrocidades, disse Ninrew à IPS. “Mas foi ele que exigiu segurança para suas operações”, acrescentou. “E mais: sem os contratos, o governo não teria dinheiro para comprar armas e munições. Logo que as tropas assumiram a área, passaram para a seguinte, de forma sistemática, e as empresas as seguiram, até que todo o Bloco 5A ficou sob controle. As empresas puderam ver como as aldeias queimavam”, disse Ninrew.

Durante todo o conflito no Bloco 5A, o consórcio trabalhou junto como os que cometiam crimes internacionais, afirma o documento. A infraestrutura criada pelas empresas facilitou a realização dos crimes. Por exemplo, uma importante ponte e uma estrada permitiram que grupos armados tivessem acesso a comunidades antes isoladas nesta ampla, plana e pantanosa área do lado ocidental do Nilo Branco.

Não havia porta-vozes da Lundin Oil disponíveis para a IPS. Porém, em carta aberta dirigida aos acionistas, Ian Lundin, presidente da junta, diz que a Ecos reiterava “interferências, insinuações e falsas acusações baseadas em informação viciada e enganosa que foi refutada” há anos. “A Lundin contribuiu para a paz e a estabilidade na região”, acrescenta a carta. A chancelaria sueca se negou a responder ao informe. “Não fazemos comentários sobre companhias individuais e não as investigamos”, disse à IPS a porta-voz do Ministério, Irena Busic. “A promotoria fará isso”, acrescentou.

Wesselink afirmou que Estocolmo se esconde atrás da possibilidade de um processo judicial. “Perdem o foco. Há boas razões para um castigo penal, mas esse não é nosso objetivo. Isso não é o que espera o povo do sul do Sudão. Queremos que os governos garantam apropriadas compensações para todas as pessoas cujos direitos foram violados, e as empresas devem pagar sua parte”, afirmou. A Ecos estima uma compensação no valor de US$ 300 milhões.

“A população local está muito descontente. Querem que a companhia reconheça seus erros. Também querem meios de compensação para os que sofreram os danos”, disse Ninrew. Por sua vez, Wesselink afirmou que a “Lundin acredita que a tempestade passou. Nós acreditamos que não”.

(Por Frank Mulder, IPS, Envolverde, 10/6/2010)


desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -