Demora para repor estrutura derrubada por cheia de 2002 multiplicou a morte de capivaras
A espera pela reposição de parte da tela de proteção da estrada que corta a Estação Ecológica do Taim está perto de completar oito anos. Somada à mortandade de animais, a demora tirou a paciência do Ministério Público Federal (MPF) de Rio Grande. O órgão cobra do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) maior agilidade na licitação da obra.
Doados pela Gerdau em 2003, os rolos com 10 quilômetros de tela, avaliados em R$ 200 mil à época, seguem empilhados na sede administrativa da reserva.
Instalada em 1998, a rede de proteção fica às margens da rodovia Rio Grande-Chuí (BR-471), que passa no meio dos banhados da estação. A tela impedia que os animais subissem ao asfalto para descansar ou buscar alimento. Sem a proteção desde outubro de 2002, quando uma cheia na Lagoa Mirim derrubou as estruturas do lado oeste, os bichos ficam expostos aos atropelamentos.
Ratões-do-banhado, tatus, aves e répteis são algumas das vítimas. As capivaras lideram as estatísticas: cerca de 12 roedores morrem todos os meses na BR-471, média quatro vezes superior ao período anterior à cheia. A maioria dos atropelamentos acontece ao amanhecer e ao entardecer, quando a visibilidade dos motoristas é menor.
– Como há capivaras em abundância, as mortes não chegam a ameaçar a espécie, mas é nosso dever proteger os animais – afirma o chefe da estação, Henrique Ilha.
No mês passado, o MPF notificou o Dnit, mesmo procedimento adotado pelo Tribunal de Contas do Estado. No final de 2009, o órgão abriu licitação no valor de R$ 950 mil, porém não houve interessados na instalação das telas. A previsão é lançar o novo edital até o final deste mês.
O MPF pretende marcar uma reunião com o Dnit e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que administra o Taim. A ideia também é debater outras propostas para aumentar a segurança na BR-471. A administração da reserva reivindica a instalação de três radares na rodovia, para forçar o respeito ao limite de 60 km/h no trecho.
(Por Guilherme Mazui, Zero Hora, 11/06/2010)