Com a cerimônia de lançamento da pedra fundamental de sua nova fábrica, na manhã de ontem, a Philip Morris Brasil (PMB) formalizou seu interesse em permanecer em Santa Cruz do Sul. Com o ato, a empresa dá início às obras de construção do moderno complexo onde ocorrerá desde o recebimento do fumo até a fabricação e o empacotamento do cigarro. A novidade tem sido comemorada, não por representar novos empregos – que serão poucos –, mas por aniquilar os temores de que a cidade pudesse perder seu maior contribuinte. Cerca de 60% do ICMS que entra para os cofres do município vem da PMB.
A nova fábrica também representa a garantia da permanência das 1,2 mil vagas de trabalho já existentes junto às atuais unidades da empresa em Santa Cruz. Em função da automação, o complexo a ser erguido não deverá gerar mais de 26 empregos diretos, mas 400 pessoas serão empregadas na construção, que se estenderá até o fim de 2011. O prédio terá 40 mil metros quadrados e será recheado com o que existe de mais moderno, na América Latina, para a produção de cigarros. Serão gastos R$ 113,5 milhões na obra e maquinário.
O investimento conta com incentivos municipais e estaduais. Em seu discurso, durante a solenidade, a prefeita Kelly Moraes (PTB) ressaltou que a Prefeitura concedeu, com aprovação da Câmara de Vereadores, isenções para a Philip Morris até 2020. Os benefícios envolvem o IPTU dos prédios atuais e o recolhimento de ISSQN. “Isso foi feito em nome da comunidade e dos funcionários desta empresa. A notícia desta nova fábrica é um alento para toda a região.”
A governadora Yeda Crusius (PSDB) também ressaltou a importância dos incentivos fiscais e garantiu que tais medidas trarão um retorno positivo. “Definitivamente, a Philip Morris é de Santa Cruz, é gaúcha.” O Estado autorizou a empresa a financiar, pelo Fundo Operação Empresa (Fundopem), valores a serem empregados na quitação de parte do ICMS gerado a partir da ampliação.
Como reza a tradição, na pedra fundamental foram depositados objetos que, no futuro, poderão ser considerados artefatos históricos. Além do convite para a solenidade e de vários jornais, foram colocadas cédulas de real, cópias do projeto de construção e a lista com os nomes dos funcionários da PMB. O material foi depositado na área situada aos fundos da Unidade 2 da empresa, no Distrito Industrial, onde começarão as obras.
EFICIÊNCIA
Embora caracterizada pela eficiência, a nova indústria não visa aumentar a produção de cigarros. Segundo o presidente da PMB, Amâncio Sampaio, o principal objetivo do investimento é concentrar a fabricação em um único lugar e reduzir as perdas. “Nossa produção tem sido suficiente para o mercado e, no momento, não há motivo para aumentá-la. Mas surgindo a necessidade, teremos flexibilidade para tanto na fábrica nova”, adiantou. Conforme Sampaio, a PMB domina 17% do mercado nacional – o índice do mercado externo é confidencial.
Além de aproximar os setores envolvidos na fabricação do cigarro, a nova estrutura contará com dispositivos mais econômicos de energia elétrica e abastecimento – luz solar e água da chuva serão utilizadas –, e vai ser mais segura para os funcionários. “O bem-estar dos nossos colaboradores está sendo levando em conta”, garantiu o presidente.
Doação
Durante a solenidade de ontem, o presidente da Philip Morris Brasil, Amâncio Sampaio, foi surpreendido por pedidos de doação dos prédios da empresa situados no Centro. As solicitações vieram dos deputados federais Sérgio Moraes (PTB) e Luís Carlos Heinze (PP), e da própria governadora. Com o início da produção de cigarros na nova fábrica, a estrutura da PMB situada no Centro será desativada e, no entender de Moraes, poderia virar um perfeito Centro Administrativo para a Prefeitura. Conforme Sampaio, a questão será avaliada pela empresa.
(Gazeta do Sul, 11/06/2010)