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bisfenol-A passivos da indústria química substâncias químicas tóxicas
2010-06-11 | Tatianaf

Há 30 anos era possível nadar e se alimentar da pesca dos rios em Porto Alegre; hoje, mesmo sendo tratados e tendo a sua potabilidade garantida, não os temos mais naturais, puros. De água somos constituídos, de água dependemos e para os rios devolvemos tudo o que geramos. Entretanto, não sabemos o que geramos, o que devolvemos e, sequer de que estamos passando a ser constituídos.

Afinal, quantos lêem as embalagens dos produtos que adquirem? E, aqueles que lêem, sabem o que estão adquirindo e as conseqüências a serem geradas para o seu presente e o seu futuro? O ser humano está certo de que faz escolhas conscientes, mas o ambientalista, engenheiro agrônomo Luís Jacques Saldanha, provou que não.   

Saldanha palestrou na Terça Ecológica no auditório da Fabico/UFRGS nesta semana e, diante de uma platéia calada, jamais muda, denunciou a presença do bisfenol-A em todas as peças da nossa casa, da nossa sala de aula, de nosso escritório. Trata-se de uma substância química utilizada em produtos plásticos de consumo. Vários estados americanos já proibiram o seu uso e a indústria está oferecendo os produtos em embalagens de vidro.

A proibição se deve a conclusão de que o uso do bisfenol A, e não apenas desta substância, está relacionado a redução da quantidade e qualidade do sêmen humano durante os últimos 50 anos, no aumento da incidência de câncer testicular e criptorquidismo, que é o deslocamento incompleto de um ou ambos os testículos da cavidade abdominal para a bolsa escrotal, e a incidência de câncer de mama em homens, o que seria improvável ou ocorreria em casos excepcionais, e em mulheres jovens.

O nonilfenol é mais uma substância citada por Saldanha. Foi proibida na União Européia em 2005 por ser considerado perigoso. Esta e seus derivados são utilizados na composição desde agrotóxicos até detergentes, tintas e lubrificantes, no Brasil, livremente. Porém, ainda que possamos ler esta palavra nos componentes das embalagens, não podemos compreender o seu significado. E esta é uma das bandeiras do ambientalista: que seja divulgada em todos os casos a composição dos produtos e suas embalagens e que se torne possível a população ter conhecimento do que realmente está implicado o seu consumo.

Além de toda uma explicação, Saldanha exibiu o documentário canadense The Disappearing male, que motivou o título desta Terça Ecológica. Numa introdução, ele revelou algumas etapas da formação de um feto, para evidenciar a importância do hormônio testosterona que, precisa se acumular no organismo fetal para que seja constituído um macho perfeito. O que tem sido dificultado devido ao uso destas substâncias artificiais. As descobertas são recentes, desde os anos 90, mas os resultados na medicina estão postos. “Os machos estão ficando femininizados porque a entrada do nonilfenol no organismo da mãe ocasiona uma alteração na produção de testosterona do feto. Ou seja, não há hormônio masculino o suficiente para suplantar a presença do feminino. Pesquisas apontam que jovens nascidos nos anos 70  tinham menos espermatozóides que homens de outras gerações, que seus espermatozóides eram anormais, que havia casos de jovens com câncer testicular, etc,” disse.

A Terça Ecológica é um evento promovido e realizado pelo Núcleo de Ecojornalistas do Rio Grande do Sul, com apoio da EcoAgência Solidária de Notícias Ambientais e Programa radiofônico, veiculado na Rádio da UFRGS, Sintonia da Terra. A Terça Ecológica conta com a parceria do Instituto Goethe e patrocínios da loja de produtos orgânicos Grão Natural e Petrobras e Governo Federal.

(Por Eliege Fante, EcoAgência, 10/06/2010)


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