Solucionar a questão do aquecimento global é um processo "gradual" que levará décadas e a conferência do México, prevista para o fim do ano, representará apenas colocar uma "pedra" no edifício, avaliou nesta quarta-feira, em Bonn (Alemanha), a nova encarregada das Nações Unidas para o clima, a costa-riquenha Christiana Figueres.
"Não penso que veja na minha vida um acordo final sobre o clima", disse Figueres durante encontro com os jornalistas à margem das negociações climáticas celebradas até 11 de junho em Bonn.
Na cidade alemã, representantes de 182 países participam pela primeira vez de uma verdadeira sessão de negociações desde a imensa decepção provocada pela cúpula de Copenhague (COP15), com vistas a preparar a cúpula mexicana, que será celebrada entre 29 de novembro e 10 de dezembro.
"Se conseguirmos alguma vez um acordo definitivo que responda todos os assuntos, então teremos solucionado o problema. Não acho que aconteça", acrescentou.
Christiana Figueres, de 53 anos, que assume o cargo em 8 de julho em substituição a Yvo De Boer, que renunciou após Copenhague, considerou "muito simplista focar-se em um acordo legal" que exija cumprimento.
"O esforço é tentar animar as partes a oferecer o que podem (...) de forma gradual", explicou.
Falando da próxima grande conferência sobre o clima, no Méxco, a secretaria executiva da Convenção Climática das Nações Unidas (UNFCCC) se disse "convencida" de que será "um êxito".
"Será um êxito, uma pedra importante que precisamos para construir o edifício (que tornará possível lutar corretamente contra o aquecimento climático). Construí-lo exigirá um esforço sustentado de 20, 30, 40 anos. É um processo gradual e fazendo o que fizermos, não será suficiente", acrescentou.
Segundo ela, a conferência mexicana não tentará "aplicar" as promessas feitas em Copenhague, como a ajuda financeira aos países pobres para que se adaptem aos efeitos do aquecimento global ou à luta contra o desmatamento.
O acordo de Copenhague, no fim de 2009, fixou como meta limitar a alta da temperatura do planeta a 2 graus, mas se manteve evasivo sobre as formas de consegui-lo. Os compromissos assumidos desde esse dia continuam sendo insuficientes para atender a esta meta.
(AFP, 09/06/2010)