Ainda que a cobertura jornalística relacionada a questões ambientais não seja considerada demasiadamente perigosa comparada a de conflitos armados, os casos de abusos contra profissionais da imprensa que cobrem temas vinculados ao meio ambiente são cada vez mais crescentes em todo o mundo.
O dado foi divulgado recentemente por relatório da organização internacional Repórteres sem Fronteiras (RSF), que revelou ser impossível enumerar os conflitos entre jornalistas e agentes poluidores pela variedade de casos.
Em um artigo publicado anteriormente pela RSF, em setembro de 2009, a organização enumerou mais de 15 casos de jornalistas de todo o mundo desaparecidos, presos e ameaçados por causa de suas investigações sobre o meio ambiente.
De acordo com o novo documento, publicado em inglês, francês e espanhol, os profissionais não encontram dificuldades em cobrir o aquecimento global, mas aqueles que investigam poluição industrial ou destruição de florestas estão particularmente expostos.
A pesquisa concluiu, por meio de exemplos e depoimentos de profissionais de imprensa nos cinco continentes, que, mesmo com a “oportunidade única” que foi dada na Conferência de Copenhagen, em dezembro passado, às mídias de falar sobre a necessidade vital de se debater sobre aquecimento global e questões ambientais, governos e companhias continuam censurando o trabalho dos jornalistas que falam em defesa do meio ambiente, especialmente nas questões ligadas ao desmatamento e à poluição industrial.
“Vastas somas de dinheiro são constantemente concentradas nesses tipos de negócio e os maiores esforços em obstruir o papel da mídia ocorre em países onde os poderes econômicos e políticos são controlados pelas mesmas pessoas”, completa o relatório.
O documento cita, ainda, casos de agressões, censura e até mesmo prisões de profissionais da mídia por todo o planeta. Dentre ele, o único brasileiro citado é o jornalista paraense Lúcio Flávio Pinto, fundador do impresso alternativo “Jornal Pessoal”.
Durante os 23 anos de existência do veículo, Pinto já foi alvo de inúmeros processos de empresários e autoridades políticas por publicar matérias que denunciavam práticas abusivas contra o meio ambiente, principalmente sobre o desmatamento da Amazônia.
(A Tarde, 09/06/2010)