Argentina reafirmou nesta quarta-feira (9) que será aplicada a ordem judicial promulgada ontem determinando a liberação da ponte entre a cidade de Gualeguaychú e a uruguaia Fray Bentos, bloqueada há quatro anos em protesto contra a instalação de uma fábrica no país vizinho.
O ministro da Justiça de Cristina Kirchner, Julio Alak, assegurou que "há uma ordem judicial expressa, clara e contundente" que deve ser acatada pelos manifestantes — que condenam a indústria de pasta de celulose UPM, ex-Botnia, de contaminar o Rio Uruguai.
"O governo vai fazer cumprir, através das forças de segurança federais, dentro do Estado de Direito", declarou Alak, destacando ainda que "não vamos cometer nenhuma ação que ponha em risco a vida" de quem participa do protesto na ponte internacional General San Martín.
A alegação de que a fábrica polui a região foi negada por parecer da Corte Internacional de Justiça, de Haia, que analisou o caso, encaminhado ao tribunal pela Argentina. Em sentença divulgada em abril, no entanto, os magistrados admitiram que a instalação da indústria violou o Tratado do Rio Uruguai por ter sido autorizada unilateralmente por Montevidéu.
Os manifestantes, por sua vez, anteciparam que não abandonarão a rodovia, ao mesmo tempo em que consideram que a polícia não utilizará a força para retirá-los do local. Alak afirmou que se os cidadãos não aceitarem a ordem, "serão notificados pessoalmente".
O ministro se reuniria na manhã de hoje com a presidente, além do chefe de Gabinete, Aníbal Fernandez, e o comandante da polícia local, Héctor Schenone, para discutir os próximos passos sobre o assunto.
O caso sobre a fábrica de pasta de celulose na fronteira gerou uma das maiores crises diplomáticas recentes entre Argentina e Uruguai. Desde que a Corte de Haia divulgou sua sentença, que é inapelável, Cristina e seu homólogo José Mujica mantiveram reuniões para retomar os laços bilaterais.
Na última delas, ocorrida na quarta-feira passada, os dois anunciaram o estabelecimento de um prazo de dois meses para a apresentação de um plano de monitoramento conjunto do Rio Uruguai, medida que havia sido determinada pelo tribunal internacional.
(DCI, 09/06/2010)